Meia-Noite em Paris de Woody Allen at Blog Ayrton Marcondes

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Meia-Noite em Paris

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Não é que “Meia-Noite em Paris” foi indicado para receber o Oscar de melhor filme do ano? O filme tem sido muito elogiado, destacando-se o lado poético da narrativa e o eterno fascínio despertado pela Cidade Luz na qual toda a trama se passa. Assim, desde o seu lançamento “Meia-Noite em Paris” foi saudado como grande obra e caiu no gosto do público. Alguns críticos de cinema chegaram a apontá-lo como o melhor de Woody Allen, afirmando que o diretor recuperara a mão boa para fazer filmes. Mas, para dizer a verdade não sei se a indicação ao prêmio seria exatamente o esperado.

Com tantos elogios e recomendações fui assistir ao filme de Allen com expectativa dobrada. Sabe quando você entra na sala de exibição achando que vai assistir a um grande filme, ainda mais quando diretor é um cara de quem você gosta muito? Pois foi o que me aconteceu.

Dai? Daí que achei o filme óbvio demais, trama proposta para exaltar os conhecimentos dos espectadores, oportunidade para rever coisas sabidas e muito agradáveis. Allen insere o roteirista Gil, interpretado por Owen Wilson, numa Paris do presente na qual se abrem possibilidades de viagem ao passado. E esse passado é exatamente a época em que a cidade apresentou-se como mais glamorosa aos norte-americanos que, endinheirados, abarrotavam navios e se instalavam na capital francesa. Eram os anos 20 nos quais intelectuais se entrechocavam nos bares parisienses de modo que Gil se encontra com Hemingway, Scott Fitzgerald, Picasso e muitos outros. A era dos anos 20 é recuperada por Allen através de seu intérprete não havendo, entretanto, nenhuma novidade: os ícones da época continuam a ser o que sempre nos disseram sobre eles e o que se destaca é a idolatria de Gil pelos pelas personagens com quem se encontra.

Acontece que Paris é poética e Allen manipula muito bem a poesia da cidade, o aspecto dos bares e mesmo as idas e vindas de Gil ao passado. O filme é interessante, diverte, mas repisa algo conhecido sem mostrar aspectos diferentes, exceto a maravilhosa oportunidade de imersão em mundos desfeitos, habitados por personagens que participaram ativamente e ajudaram a construir a cultura do século XX. Assim, não é demais dizer que “Meia-Noite em Paris” é bom filme, ótima diversão, bom trabalho do excelente diretor Woody Allen, mas não o melhor dele como se tem afirmado. Daí ser possível supor que, mesmo sem ter assistido a todos os filmes que concorrem ao Oscar, o “Meia-Noite em Paris” dificilmente  poderá ser o vencedor.

Confesso que sou fã de carteirinha do trabalho de Woody Allen. A primeira vez que tomei contato com a obra dele foi através do filme “Bananas”, de 1971. Ainda hoje me recordo do impacto que teve sobre mim aquele trabalho de textura inesperada, hilariante, muito divertido. Depois de “Bananas” Allen fez alguns excelentes filmes sempre brindando-nos com o seu olhar divertido sobre coisas sérias, desnudando faces do modo de ser humano. O fato é que Allen nos faz rir de nós mesmos através das suas personagens, nisso talvez grande parte da mágica que nos envolve ao assistir os seus filmes.