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Matar ou Morrer

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Matar ou Morrer é um faroeste de 1952, estrelado por Gary Cooper que recebeu o Oscar de melhor ator pela sua atuação. Do elenco participa a notável Grace Kelly, mais tarde princesa de Mônaco, cuja vida foi precocemente interrompida por acidente automobilístico.

Matar ou Morrer funciona de modo a dividir com o espectador a tensão de um xerife (Gary Cooper), próximo de se aposentar, que não pode escapar a uma situação insólita: exatamente ao meio-dia, chegará à estação de trem um inimigo mortal com o qual terá que de confrontar. O xerife está para se casar com a bela Grace Kelly, mas seu destino poderá mudar quando da chegada do criminoso - que acaba de sair da cadeia e vem acompanhado de dois comparsas. A direção é de Fred Zinnemann a quem se devem outras obras de relevo como O homem que não vendeu a sua alma.

Lembro-me quase sempre desse filme quando, diariamente, vejo, nas páginas de portais da internet, fotografias de lutadores que competem no Ultimate Fighting. A ideia de quem entra no cercado do Ultimate é exatamente a de matar ou morrer. Ali vale praticamente tudo. Diante da selvageria que ronda a barbárie, as proibições não parecem muito relevantes: não valem cabeçadas, enfiar os dedos nos olhos ou na boca do adversário, chutar a cabeça do adversário caído, golpear a virilha, golpear a nuca e umas coisas mais. Quem acha que as regras são suficientes para que a competição seja apenas uma peça esportiva, certamente não se deu ao trabalho de assistir a alguns embates do Ultimate. Reina dentro do ringue o clima das arenas romanas, onde a sedução dos espectadores não prescinde do sangramento dos competidores. É o sangue que confere maior realidade ao sofrimento, à submissão pela força. A diversão consiste em ver homens testados em seus limites de força e técnicas de luta, muitas vezes massacrados pelos adversários.

Não sou contra o Ultimate, mas confesso certo estranhamento com esse tipo de luta. Sempre fui um aficionado do boxe e isso me valeu uma discussão com um amigo que disse não ver diferença entre as lutas do Ultimate e o boxe. Disse-me ele que, em última instância, o boxe também é uma versão de matar ou morrer, afinal o sangue corre solto e as coisas se resolvem na porrada.

Não tive argumentos convincentes contra a argumentação do meu amigo. Daí que passamos a falar sobre cinema e o filme Matar ou Morrer pintou na conversa. Ele discorda, mas imagino que o nível de tensão dos lutadores do Ultimate seja o mesmo que o de Gary Cooper ao esperar o trem. No fim são todos humanos e para eles não difere muito se a vida é jogada numa arena ou numa estação de trem.