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Malhação de Judas

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Quem pode com as manifestações populares? Ninguém: a consciência popular decide entre o bem e o mal, o certo e o errado, o culpado e o inocente e bate naquilo que a ela parece execrável.

Sábado de aleluia no bairro do Cambuci, São Paulo. Como acontece anualmente ali se faz a tradicional malhação de Judas. Bonecos são malhados e o povo faz justiça com as próprias mãos.

Neste sábado também foram malhados bonecos representando Alexandre Nardoni e Anna Jatobá.  A ira popular contra o casal condenado pelo assassinato da menina Isabella manifestou-se de forma inequívoca. Existe algo de animalesco cercando a morte da menina daí ser preciso banir e punir sob todas as formas os assassinos, assim se decidiu e realizou.

Vejo a foto dos bonecos e penso nas pessoas reais. Raras vezes criminosos foram tratados com tanta violência pelo público. O veredito popular precedeu o do julgamento e ainda permanece vivo nas memórias. Pessoas se unem para bater com força em bonecos, transferindo a sua indignação ao casal recolhido ao presídio de Tremembé.

Li que pessoas portadoras do sobrenome Nardoni e sem nenhum grau de parentesco com Alexandre têm sido constrangidas. Parece haver necessidade de apagar um acontecimento revoltante, talvez voltar o relógio do tempo para evitar uma tragédia que indigna a população.

O promotor que acusou o casal Nardoni compareceu à missa celebrada em intenção da menina Isabella. Ao chegar caiu nos braços do povo. Tem-se um novo herói andando por ai, visto como uma espécie de justiceiro que colocou as coisas em seus devidos lugares e devolveu o bom sono aos justos.

O caso Isabella está encerrado embora os advogados de defesa tenham pedido um novo júri. Entretanto, inexiste espaço para que a Justiça volte atrás no assunto: seria contrariar o veredito popular e colocar a própria Justiça na berlinda. Enquanto isso, o circo montado em relação à inaceitável e trágica morte de Isabella continua em permanente função.