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Jogo de paciência

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Tem aquele joguinho de cartas do computador que se chama paciência. Para mim tratava-se um jogo só, mas vi num tablete da Apple que se podem baixar variedades de paciência. Para quem curte jogos de cartas talvez interesse a informação.

Não gosto de jogos, envolvendo ou não o uso da minha paciência. Quando surgiu o ATARI um amigo me convidou para jogar com ele. Perdi todos os jogos, creio que por pura falta de habilidade. Muito tempo depois testei uns jogos de computador e deu no mesmo: falta de habilidade com o teclado ou o mouse. Então comprei um joystick e, depois, um volante para joguinhos de corrida de carros. Nunca conseguir ir em frente naquele Need For Speed, pelo menos no computador. Tenho vontade de experimentar um jogo nesses novos consoles como o Playstation, isso só para tirar a teima. Dizem que num jogo desse tipo os controles são mais perfeitos e mesmo um cara sem jeito pode se dar bem. Seria uma vitória para mim pelo menos terminar um jogo de corrida de carros no Playstation.

Minha avó punha cartas sobre a mesa e jogava paciência. Os parentes se reuniam nas noites para o buraco ou a víspora. Passavam horas naquilo, divertiam-se, discutiam, apostavam baixo e ganhavam ou perdiam merrecas de moedas. Nunca participei. No fundo acho que nunca tive mesmo paciência para jogar.

Fui a cassinos algumas vezes quando no exterior. Num navio perdi algum dinheiro nas máquinas. Nunca me aventurei nas mesas, apostando fichas em números. As roletas sempre me pareceram implacáveis e presenciei gente perdendo bastante dinheiro nelas.

Acho que devo acrescentar à minha falta de habilidade para jogos o fato de não confiar na honestidade das máquinas de cassinos. Quando estudava no colégio um professor de matemática deu uma aula sobre o cálculo das probabilidades e disse que nos cassinos máquinas, roletas etc eram ajustadas para aumentar as probabilidades de ganho da casa. Pois é, certas coisas que ouvimos grudam na cabeça da gente e não saem.

No início da década de 70 do século passado arranjei um emprego que viria a ser a minha salvação. Até então não carregava nada nos bolsos, era um cara duríssimo. Por essa razão devia algum por ai afora e esperava, ansiosamente, pelo primeiro e salvador salário.

No dia do pagamento fui ao Departamento de Pessoal e recebi um cheque no qual estava escrito um número que para mim era um sonho. Não que fosse muito, mas para quem não tinha nada… Pois aconteceu, antes de sair do prédio para ir ao banco, encontrar-me justamente como meu chefe imediato, o cidadão que me dera o emprego, aquele mesmo que me contratara e de quem dependia o meu futuro na empresa.

O meu chefe ficou muito feliz em me ver todo contente com o meu cheque e logo me intimou a acompanhá-lo até a sala dele. Quando me sentei o chefe foi logo dizendo que precisava de um favor, qual fosse que eu emprestasse a ele o cheque que tinha no bolso. Percebendo o meu desespero ele me garantiu que em poucos dias me devolveria o dinheiro, aliás, até me daria um pouco a mais por conta de uns jurinhos…

Não houve como fugir. Ali, naquela sala, meu castelo desabou inteirinho, não sobrando pedra sobre pedra. Dei o cheque ao homem e sai de lá sem saber como faria para viver até o mês seguinte quando receberia novo salário.

Se o meu chefe devolveu o dinheiro? Ah, sim, uns três meses depois, nada de juros. Mas, foi só muitos anos depois, quando eu nem mesmo trabalhava mais naquela empresa, que vim a saber a razão do confisco do meu salário pelo chefe: o cara era um tremendo viciado em jogo, jogador profissional. Consta que acabou perdendo tudo o que tinha na mesa de jogo e teve um final de vida bastante complicado.

Por essas e outras não reclamo da minha falta de paciência para me meter em jogos. No máximo me arrisco a uma partidinha de paciência no computador, umas três vezes ao ano. Não passa disso. Acho que ainda bem.

A sorte dos apostadores

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De vez em quando o assunto sorte vem à baila. Há quem não acredite na existência de sorte, preferindo classificar tudo como simples acaso. Circunstâncias inesperadas favorecem a uns e prejudicam outros, só isso, nada mais que isso, nada a ver com sorte.

Tive um parente, já falecido, que terá sido uma das melhores pessoas a quem conheci. Sujeito lhano, solidário, exemplar. Entretanto, ficou conhecido por ser azarado. De fato, com ele aconteciam coisas absurdas e inesperadas. Era do tipo que se um pássaro defecasse sobre uma multidão as fezes cairiam justamente sobre cabeça dele. O pior: ele sabia disso, tinha plena consciência do seu azar e contava sempre com a possibilidade de um resultado desfavorável. Foi assim em concursos públicos de que participou. Num deles a escolha final ficou entre ele e outra pessoa. Não deu outra: ele não foi escolhido.

Escrevo sobre esse assunto porque até agora não entendi bem o mistério que envolveu a sorte dos jogadores que apostaram na Mega-Sena, numa lotérica do Rio Grande do Sul. Eles participaram de um bolão que foi premiado. O prêmio de mais de 53 milhões de reais seria dividido entre os apostadores, cabendo a cada um cerca de 1,3 milhão de reais.

Imagino a alegria desses sortudos ao saberem do resultado da loteria. Dois deles deram uma grande festa para comemorar. Todos foram dormir ricos e felizes. Mas, infelizmente, a alegria durou pouco: a lotérica não repassou o jogo para a Caixa Econômica Federal e o sorteio ficou sem ganhadores.

Essa é a tal história de uma riqueza que durou muito pouco. Vinte e poucas pessoas tiveram que enfrentar a decepção de terem sido ricas temporariamente e sem fazer uso de um só tostão das suas fortunas. Agora se iniciam as démarches com a participação de advogados etc. Mas o dinheiro mesmo…

É de se perguntar como fica a sorte num caso desses. Os apostadores tiveram a sorte de participar de um bolão vencedor, mas não ganharam de verdade. Esse é um tipo incomum de meandro da sorte, uma zona de meio-termo perigosa demais para autoconfiança das pessoas.

Na verdade não sei bem o que achar. Daí que prefiro ficar com uma frase que minha mãe proferia quando se defrontava com situações duvidosas:

- A sorte, como a vida, é muito caprichosa.