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Goethe: recomendações aos jovens poetas

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Johann Peter Eckermann (1792-1835) privou do convívio do poeta alemão Johann Wolfgang von Goethe (1749-1832). Em 1823, após uma vida repleta de aventuras que incluiu o alistamento voluntário nas tropas alemãs que combatiam os franceses e o estudo das obras de grandes poetas, apresentou-se a Goethe com quem esteve até a morte do poeta.

Após a morte de Goethe, Eckermann escreveu e publicou o livro “Conversações com Goethe” no qual narrou seu convívio com o poeta no período entre 1823 e 1832.  Na quinta-feira, 18 de setembro de 1823, poucos dias após a sua chegada a Weimar, onde o poeta vivia, Eckermann teve a oportunidade de ouvi-lo tratar de assunto que considerou extremamente importante e inestimável para toda a vida. Na opinião de Eckermann os jovens poetas da Alemanha deveriam tomar conhecimento das palavras de Goethe dado que seriam a eles muito úteis. Decorridos quase duzentos anos desde então as palavras de Goethe continuam a ser precioso ensinamento a todos aqueles que enveredam pelos caminhos da poesia. De resto, as “Conversações com Goethe” é obra de inestimável valor para a Literatura Universal de vez que refletem as opiniões e ensinamentos de um gênio a respeito do ofício de escritor.

Na fala de 23 de setembro Goethe recomenda a Eckermann que “acautele-se contra as produções demasiado extensas”. Diz que também ele, Goethe, passou por produções desse tipo acrescentou: “tivesse eu feito tudo o que de bom poderia ter produzido, nem em cem volumes caberia”.

Para Goethe a multidão de ideias que acossam diariamente o poeta, deve e tem que ser expressa. Entretanto, deve-se evitar a obra vasta porque existe o perigo de se errar no conjunto. Em seguida Goethe aconselha a Eckermann “escrever preliminarmente apenas sobre pequenos temas e, sempre com espontaneidade, sobre o que se lhe oferecer na vida cotidiana”. Mais: “colabore a princípio nos almanaques e publicações periódicas, evitando, porém, submeter-se a exigências de estranhos, e siga sempre as suas próprias ideias”.

Goethe afirma que todas as suas produções são de ocasião, estimuladas pela realidade e que cabe “ao autor emprestar a um assunto banal uma face interessante”. A certa altura Eckermann diz a Goethe que tivera em mente escrever um grande poema sobre as estações do ano. Goethe adverte-o sobre a possibilidade de ter sucesso em alguns trechos e não em outros, afetando o conjunto. Em seguida aconselha-o a fazer uso de assuntos já explorados.

Essas breves considerações extraídas das palavras de Goethe visam dar o tom das “Conversações” e convidar os leitores à exploração do livro. Goethe foi poeta e pensador, importante figura da literatura alemã e do romantismo europeu. Escreveu poesias, romances, peças de teatro e fez incursões na área das ciências naturais. Entre suas obras estão o grande poema “Fausto” e “Os sofrimentos do jovem Werther”, marco inicial do romantismo e uma das obras primas da literatura mundial.

Eckermann foi secretário de Goethe e o auxiliou na revisão e publicação de seus textos. As “Conversações” constituem-se em obra instigante porque retratam, como já se afirmou, a genialidade de Goethe. São as palavras de um grande oráculo aquelas que Eckermann ouviu e anotou cuidadosamente, entregando-as à posteridade. O crítico e poeta Augusto Meyer chama a atenção para o fato das ”Conversações” conterem uma “Literatura Universal” dado que Goethe deixou suas lições como mensagem cultural para todos os povos.

“Conversações com Goethe” está disponível nas livrarias, em português, edição da Itatiaia, de 2004.