Lindemberg confessa ter atirado em Eloá at Blog Ayrton Marcondes

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Deve terminar hoje o julgamento de Lindemberg Farias ainda em andamento no fórum de Santo André. Contra Lindemberg pesam várias acusações, entre elas a de sequestro e morte de sua ex-namorada, a jovem Eloá. Até agora o acusado tinha se mantido calado, mas ontem declarou ter atirado na jovem e pediu desculpas à família dela pelo assassinato.

Essa história terrível já rendeu o que tinha a render. Os cinco dias de duração da ação de Lindemberg, ocorrida há pouco mais de três anos, se constituíram num verdadeiro Big Brother sobre as ações dos participantes, isso com cobertura em tempo integral pela mídia. As últimas cenas envolveram a invasão da polícia no apartamento onde Lindemberg mantinha presa Eloá e uma amiga dela. Agora Lindemberg diz que no momento da invasão apavorou-se e só atirou porque Eloá tentou tirar a arma da mão dele. Não tinha a intenção de matar, portanto, assim ele se manifesta.

Disso tudo resta a extraordinária atenção da imprensa a esse crime na época em que ocorreu e agora durante o julgamento. A ação do antigo office-boy Lindemberg tornou-se assunto nacional e ocupa as principais manchetes de jornais e portais da internet. Na porta do tribunal uma multidão, munida de faixas com dizeres, clama por justiça. A imprensa, queira-se ou não, acrescenta ao fato um enorme dimensão e provoca reações diversas nas quais se exige a punição do assassinato de Eloá.

O que chama a atenção, mais uma vez, é a instantaneidade da informação. Para se saber o que acontece no tribunal basta se ligar a TV num canal de notícias e logo aparece um repórter dando-nos conta do andamento das coisas. Repórteres especialmente destacados para a cobertura do grande acontecimento em Santo André revezam-se e entrevistam pessoas como a mãe de Eloá que exige por justiça.

O que me faz lembrar a morte da jovem Aída Curi, atirada do alto de um prédio em Copacabana, Rio de Janeiro. O crime aconteceu em 1958. Aída foi levada à força ao alto do prédio pelos jovens Ronaldo Castro e Cássio Murilo e o porteiro Antônio Sousa que, após abusarem sexualmente dela, a jogaram para simular suicídio. Esse crime comoveu o país e teve enorme projeção nos meios de comunicação da época. Mas, dois dos acusados livraram-se da acusação de homicídio. Ronaldo foi condenado por atentado ao pudor e tentativa de estrupo; Antônio de Souza foi também condenado, mas desapareceu; Cássio Murilo era menor. O júri o considerou culpado de homicídio, mas o rapaz era, pela idade, inimputável.

Eram os anos 50 e a juventude impulsionava-se em acordo com o espírito de revolta propagado em filmes norte-americanos com “Juventude Transviada” estrelado por James Dean. Quanto à cobertura da mídia as notícias apareciam em jornais e em revistas como “O Cruzeiro”.

Certos crimes tornaram-se inesquecíveis pela comoção que provocaram, alguns deles por nunca terem sido completamente esclarecidos. De modo diferente o caso de Eloá e Lindemberg  foi devassado à exaustão, em sua maior parte em tempo real. Resta-nos apenas saber como se comportará o júri ao final do julgamento. Mas, será esse mesmo o fim da história?