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Casos de enforcamento

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Outro dia falei sobre o enforcamento de Saddam Hussein cujas imagens não me saem da cabeça. O poderoso governante do Iraque nada mais era que uma espécie de animalzinho assustado no momento em que era conduzido à forca. Na ocasião um amigo pesquisou e escreveu sobre o assunto, concluindo que a morte na forca não é instantânea e acarreta muito sofrimento. Saddam caindo no vazio com a cabeça presa ao laço gerou cena mais terrível que a de todos os enforcamentos vistos nas produções de Hollywood. Era o poder que capitulava sob a forma de um homem sanguinário finalmente vencido.

Bem menos importante que Saddam é o iraniano Alireza M. Esse homem de 37 anos foi condenado por tráfico de drogas. Levado à forca foi executado e diagnosticado como morto. No IML observaram-se bolhas dentro do saco plástico onde estava o seu corpo. Alireza não morrera, resistira ao enforcamento. A notícia alegrou a família dele, particularmente suas duas filhas. Entretanto, um juiz já determinou que assim que Alireza tiver alta hospitalar será novamente enforcado.

Eis aí uma questão complexa, difícil de resolver. Entidades humanitárias se colocam em favor de Alireza alegando a falta de humanidade em submetê-lo a novo enforcamento. O traficante já passou pelo pior que pode acontecer a um homem e sobreviveu. Não será justo puni-lo novamente.

Não sei o que o leitor acha disso, se favorável ou não a nova sessão na forca. Acontece que no Irã as coisas se passam de modo mais duro que nas nossas plagas. Lá existe pena de morte por apedrejamento e conta-se que mesmo nesse processo existem casos de sobrevivência. Consta que só neste ano foram enforcadas mais de 500 pessoas no Irã, não fazendo parte desse número cerca de 200 casos não contabilizados.

Um médico de quem privei a amizade, já morto, pendia para o radicalismo e sempre repetia que a ordem no mundo só seria estabelecida com a adoção da lei de Talião: olho por olho, dente por dente.

Hoje em dia o mundo do crime movimenta somas inimagináveis de dinheiro com o comércio de drogas. Como ficaria a situação dos traficantes se fosse estabelecida aqui uma lei como a que vigora no Irã? Não se está dizendo que se deva aprovar a pena de morte no país, embora certos crimes nos constranjam tanto que nos levem a admitir que os facínoras que os praticam não mereçam continuar vivos. Mas, como seriam as coisas com uma punição mais rigorosa a bandidos?

Quanto ao iraniano Alireza confesso que não sou favorável a novo enforcamento. O homem já passou por algo inimaginável para quem está vivo. Eis aí um caso de um sujeito que voltou da morte e, talvez por isso e muito mais, mereça viver.