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Internet e engenhocas

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Um estudante de 24 anos fala sobre a sua experiência de permanecer dois meses sem internet e telefone celular. Viciado confesso em utilização de redes sociais o estudante chegou a algumas conclusões como a de que a vida amorosa pode ser melhor e andar de bicicleta é muito interessante.

É de se imaginar o que aconteceria se, da noite para o dia, os jovens não mais tivessem à disposição internet, celulares, tablets e outras engenhocas. Como reorganizariam as suas vidas num mundo desconectado?

O problema é que os aparelhos eletrônicos tornaram-se extensões das pessoas. Há pouco tempo fui comer uma pizza com um casal mais jovem e a moça não conseguiu, durante todo o tempo em que estivemos à mesa do restaurante, se desvencilhar do celular especial que mantinha nas mãos. Ela recebia mensagens o tempo todo, comentava sobre o que estavam dizendo a ela e respondia de imediato aos seus interlocutores distantes. Mesmo quando a pizza foi servida ela não abandonou a engenhoca que deixou ao lado do prato e da qual não tirava os olhos.

De fato é difícil imaginar um mundo sem as possibilidades de comunicação hoje existentes. Entretanto, é bom lembrar que há muito pouco tempo nada disso existia e as coisas se acertavam de modo diferente, mas se acertavam. Eu mesmo percorri quase 50 anos de minha vida sem ter acesso a esses meios de comunicação porque eles simplesmente não existiam. Mais: nos meus tempos de menino as ligações telefônicas eram pedidas à telefonista que as completava e nos colocava em contato com as pessoas com quem queríamos falar.

E como era a vida nesse mundo assustador em que não havia internet, celulares, TV a cabo etc? Como era esse terrível mundo em que vivíamos? Ora, perfeitamente normal, a ponto de sabermos por experiência pessoal que andar de bicicleta era muito bom, as relações íntimas saborosas e assim por diante. E olhe que essas coisas boas não eram conseguidas sob o peso, o verdadeiro martírio das pessoas se imporem períodos de afastamento de telefones, internet etc.

E, bom que se diga, à falta de tantas atrações eletrônicas, os jovens eram mais convidados à leitura. Através dos livros entrava-se em contato com os mistérios da vida e punha-se a cabeça a cismar sobre o papel que nos era reservado no mundo.

Não se está aqui a falar sobre tempos melhores em termos de passado e presente. Cada época tem o seu encanto, seu ritmo e as pessoas adaptam-se ao modo de vida nela corrente. Mas, não deixa de ser curioso o fato de a juventude de hoje nem sequer imaginar com seria o mundo sem a parafernália eletrônica hoje disponível. Entretanto, isso não parece ter importância numa época em que se louva o fato de crianças que ainda não aprenderam a ler virarem-se muito bem com computadores – conta-se que chegam, com 4 anos de idade, a fazer pesquisa pelo Google. No mais a tecnologia avança velozmente e muitas novidades eletrônicas deverão aparecer nos próximos anos de modo que parece não adiantar muito aos jovens realizar experiências de isolamento para ver como seria a vida sem todas essas engenhocas em que se viciam tanto.