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Influência francesa

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A influência francesa na cultura brasileira é marcante. Desde os tempos do Império o Brasil se rendeu à supremacia intelectual francesa. A Missão Artística Francesa, trazida por D. João VI ao país, aportou aqui em 1816, comandada por Joachim Lebreton. Com ele vieram artistas como os pintores Jean Baptiste Debret e Nicolas-Antoine Taunay. Escultores, gravadores e outros especialistas chegaram ao país, alguns deles trazendo suas famílias. Seis meses depois chegou o fotógrafo Marc Ferrez a quem devemos o raro registro de imagens daquela época.

Mas, é no campo do pensamento que a influência francesa talvez tenha causado maior impacto. Foi com base no Iluminismo francês que se realizou a Inconfidência Mineira. O modelo das universidades públicas brasileiras foi importado da França. Em 1936 foi criada a USP, seguindo esse modelo. Aliás, em seus primórdios, a USP contou com a participação de importantes professores franceses, entre eles Claude Levi-Strauss e Fernand Paul Achille Braudel.

É inegável a admiração, ao longo de nossa história, em relação aos franceses. De resto, justificada. Conta a França com invejável grupo de personalidades marcantes cujos nomes despertam admiração e respeito em todo o mundo. A área da literatura, por exemplo, é pródiga em expoentes, podendo-se citar Victor Hugo, Andre Gide, Marcel Proust, Honoré Balzac, Gustave Flaubert e tantos outros. Obviamente, a influência francesa não está restrita á área cultural. No nosso cotidiano verificam-se traços do modo de ser francês, a começar por regras de conduta, etiqueta etc.

Nos anos 50 do século passado chegou ao Brasil um francês chamado Luís Enoch. Antes dele viera sua irmã que se instalara em cidadezinha nos altos da Serra da Mantiqueira. A “Francesa”, modo como os locais identificavam Dona Louise, estabeleceu-se com uma pensão na qual recebia hóspedes que vinham gozar os ares das montanhas.

Mas, quem mais chamava atenção era o irmão Enoch. Parisiense, o francês fizera de São Paulo o seu domicílio. Regularmente visitava a irmã, ocasiões em que se mostrava afável e bom conversador. Falava um português carregado por sotaque francês. Causava estranheza o apuro com que se vestia - sempre um lenço no pescoço, cobrindo em parte a gravata - e os modos delicados que sugeriam fosse talvez efeminado.

Enoch foi o primeiro francês a quem conheci. Naquele meio de século sua figura irmanava-se à imagem de um país cultuado. No ginásio tínhamos aulas de francês e sabíamos cantar a Marselhesa. Ouvíamos da professora sobre a Torre Eiffel, o Jardim das Tulherias, o Louvre e a Notre Dame. E Paris! Enoch viera de lá. Na cabeça do ginasiano seria ele, talvez, alguém muito importante…