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Fernando Lugo

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Fernando Lugo, o presidente do Paraguai ontem deposto pelo Congresso através do que está sendo chamado de “golpe constitucional”, fez a alegria dos comentaristas em razão de fatos ligados a seu passado. Já exercia o governo quando apareceram filhos até então não reconhecidos por ele, gerados ao tempo em que era bispo da Igreja Católica. De fato, sob o ponto de vista de convicção, fé e princípios Lugo deixava a desejar porque pregar a castidade quando não se a pratica é, no mínimo, estranho.

Ontem Lugo foi deposto de seu cargo e muita gente está falando em execução sumária porque, julgado em menos de 24 horas, foi condenado. Antes mesmo de um novo dia já o vice era empossado, embora protestos nas ruas de Assunção dos simpatizantes de Lugo. E ele saiu do governo em nome da democracia, sem opor resistência, sem ao menos ter tido tempo para defender-se adequadamente das acusações que a lhe eram imputadas. Na verdade, o processo que culminou na morte de pessoas em combate entre policiais e sem-terra paraguaios não chegou a ser apurado totalmente daí não se entender a velocidade da deposição do presidente.

O que está no ar é o julgamento da América Latina sobre si mesma, continente no qual se afirma que coisas como a que aconteceram ontem no Paraguai pertencem ao passado não democrático da história dos países sulamericanos. Mas, a verdade é que a nova América Latina ainda não se libertou dos antigos grilhões que a ligam a um passado de ditaduras violentas, hoje substituídas por formas de governo que em alguns países mantêm, com mãos de ferro, o controle de tudo o que acontece. O governo de Chaves ilustra bem a afirmação anterior.

E o Brasil? Até agora o gigante da América do Sul está devendo posicionamento claro sobre os últimos acontecimentos no Paraguai. Não havia nos meios diplomáticos nacionais a menor suspeita de que um “golpe constitucional” pudesse ocorrer no país fronteiriço de modo que o governo foi tomado de surpresa e, tardiamente, enviou diplomatas para tentar algum tipo de mediação sobre a crise. Por outro lado os países vizinhos da América do Sul já se posicionaram contra e condenaram a deposição de Lugo. A ver, nas próximas horas, como afinal agirá o governo brasileiro no primeiro teste do atual governo em relação à diplomacia externa num continente em que o país figura como líder.