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O fim do mundo

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A 13 de maio na Cova da Iria, no céu aparece a Virgem Maria…. A canção entoada por gerações de fiéis ao longo de décadas simboliza a fé no aparecimento de Nossa Senhora a três crianças portuguesas. No dia 13 de maio, na Cova da Iria, Nossa Senhora revelara-se aos três. Um mês depois confiaria a eles três segredos, os famosos Segredos de Fátima, interpretados por conceituados especialistas.

Na segunda metade do século passado o acirramento da bipolaridade política entre os EUA e a Rússia gerava a expectativa de iminente guerra nuclear. O homem conquistara o domínio do átomo e dispunha de armas suficientes para acabar com o mundo. Momentos delicados de confrontos entre as partes envolvidas causavam terror nas populações. Mas, como se sabe, o mundo não acabou.

Dos três segredos de Fátima, o terceiro estava por ser revelado antes do ano 2000. Sobre ele existiam muitas expectativas. Uma delas, muito corrente, era a de que o segredo seria de conhecimento apenas do Papa e relacionava-se à revelação sobre o fim do mundo. Esta hipótese contribuía para o reforço de teses milenaristas. Como ocorrera no ano 1000, a nova virada de milênio poderia coexistir com o fim da humanidade, castigada por Deus pelos seus erros e pecados.

Muitas vezes ouvi essa história de pessoas mais velhas que, assim me parecia, acreditavam nela. Falava-se sobre o terceiro segredo como sinal do fim dos tempos. O homem não estivera à altura da missão que lhe fora confiada pelo Criador. Chegaria o momento do apocalipse, do juízo final previsto nas escrituras.

Lucia escrevera o terceiro segredo, em 1944, por ordem do bispo de Leiria. A revelação pública deu-se em 2000. As crianças teriam visto um anjo, ao lado de Nossa Senhora, apontando uma espada de prata cujos raios, entretanto, eram bloqueados pela mão da Santa. O papa caminhava num mundo destruído em direção a algozes que o matariam. Entretanto, após a revelação, teóricos da Igreja esclareceram que de modo algum o contexto do segredo teria significado profético. Aliás, destacava-se a liberdade do homem sempre capaz de alterar o curso dos acontecimentos através de suas ações.

Amanhã, 13 de maio, comemora-se o centenário do grande acontecimento de Fátima. Estará no santuário o Papa Francisco e espera-se a presença de 500 mil fiéis. Quanto ao fim do mundo seguimos sem nada saber. Talvez esteja nas mãos de gente como Donald Trump ou daquele tal Kin Jong-um, o imperador da Coréia do Norte.

O fim do mundo vem aí

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Uma amiga chilena me conta que familiares dela estão se preparando para a grande hecatombe que se abaterá sobre a Terra no próximo dia 21. Preparam-se para um novo e grande terremoto, maior que o último que causou grande destruição em terras chilenas. O mundo deve acabar, mas, caso as coisas fiquem apenas em destruição, o jeito é  armazenar água e comida para os terríveis dias que se seguirão. É o que estão fazendo por lá.

Minha amiga diz que não acredita no fim do mundo, para ela o calendário maia está sendo mal interpretado. Mas garante que o alinhamento de corpos celestes gerará muita energia e, em algumas situações, as consequências poderão ser graves. Peço um exemplo e ela me diz que doentes deverão se proteger porque qualquer excesso poderá resultar em morte. No dia 21 as pessoas devem evitar confrontos, discussões e ações ousadas porque a energia se abaterá negativamente sobre elas e os resultados disso são imprevisíveis.

Há quem acredite em fenômenos que ultrapassam a nossa de compreensão tais como os poderes e efeitos decorrentes do uso da magia negra. Pais-de-santo ganham a vida no exercício diário de trabalhos realizados para melhorar ou piorar a vida de alguém. Quiromantes e outras praticantes de leituras de búzios e cartas advinham o destino daqueles que os procuram. De todo modo o fato é que algumas pessoas são mais impressionáveis que outras e jamais saberemos ao certo se tudo isso realmente existe e funciona ou se trata de pura bobagem.

Acontece que certas pessoas são sensíveis a fatos extraordinários daí sobre elas as sugestões terem efeito marcante. Em menino morei em cidadezinha de população não superior a mil almas. Naquele tempo a energia elétrica era falha, as ruas não tinham calçamento e a vida transcorria com grande simplicidade. Obviamente não dispúnhamos de acesso a canais de televisão e a internet talvez ainda fosse um sonho isolado na cabeça de uns poucos inventores. Entretanto, havia o correio, lento, mas que possibilitava a troca de informações entre pessoas. Foi através dele que um pobre homem, morador da zona rural, certo dia recebeu uma carta que transtornou a sua vida.

Era muito cedo quando o homem bateu à porta de minha casa, procurando pelo meu pai que, na ocasião, estava viajando. Ao saber da ausência de meu pai o homem estendeu-me a carta que trazia. Quando a li constatei que se tratava de uma corrente, cujo texto informava a quem a recebesse que se não enviasse dez cópias a outras pessoas algo de terrível aconteceria.  Só então reparei que o homem tremia de nervoso como se a partir daquele momento uma tragédia rondasse a si e aos seus. Daí que ele me implorou pela reprodução das tais dez cópias para que fossem enviadas pelo correio a pessoas que ele conhecia.

Desnecessário dizer que nem imaginávamos o que viria a ser um xérox. Alias, nem mesmo um computador. O jeito era usar a máquina de escrever na qual, letra por letra, datilografei por dez vezes o texto da maldita corrente - havia uma exigência de que as cópias não podiam ser manuscritas.

Jamais me esqueci desse homem simples transtornado por uma corrente. De nada adiantaram minhas tentativas de dissuadi-lo da empreitada dado que correntes não passavam de grande bobagem, coisa de quem não tem o que fazer. Ao final ele me deu um dinheiro e lá se foi sorridente em direção ao correio para enviar as cartas.

O Fim do Mundo

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Ultimamente os filmes de desenho animado têm apostado numa fórmula curiosa: a da existência de mundos de diferentes tamanhos, desproporcionais. A intenção é óbvia: contrapor a Terra e a humanidade à vastidão do universo, o que nos reduz a um grão de poeira. A partir daí todo o drama humano, a nossa história e as nossas vaidades ficam reduzidas a nada quando se contempla a insignificância da própria Terra diante das estrelas que povoam os confins do universo.

hortonEstá rodando na rede Telecine um desses filmes cujo título é “Horton e o mundo dos Quem”. Horton é um alegre elefantinho que descobre haver vida num grão encontrado num trifólio. No pequeno grão vivem os Quem, moradores da cidade chamada Quemlândia. Horton contata o prefeito da cidade e faz de tudo para proteger os Quem. Mas, acreditar na existência de pequenos seres inteligentes, vivendo num grão, cria problemas para Horton que passa a ser tido como louco pelos outros animais. Por outro lado, as coisas não ficam bem em Quenlândia: a população e um conselho de veneráveis não acreditam que vivam num simples grão, afinal Quemlândia é o seu mundo e está por se comemorar o centenário de sua fundação.

Impressiona muito no filme a vulnerabilidade de Quemlândia, cuja destruição pode acontecer a qualquer momento e por ação de fatores mínimos. Qualquer desarranjo na ordem natural das coisas, um vento mais forte ou o bloqueio da luz externa pode colocar fim à pequena civilização.

As similaridades com o mundo em que vivemos são óbvias demais. Entretanto, vale perguntar sobre a verdadeira intenção dos autores de tramas desse tipo.  Em se tratando teoricamente de um filme para crianças seria educativa a sua finalidade? Talvez. Não se pode negar que certa compreensão sobre a pequenez do homem talvez contribua para a formação de pessoas mais afeitas aos bons costumes e crença em valores universais. Em sentido diametralmente oposto situa-se, inevitavelmente, certo achatamento da condição humana, fraca, vulnerável e absurda quando se levam em conta as verdadeiras circunstâncias da nossa existência. Trata-se de algo como lembrar-se de que a vida existe na Terra há cerca de 4,5 bilhões de anos, mas a espécie humana é bastante recente no planeta: o primeiro Homo sapines sapiens surgiu a menos de 200 mil anos.

Filmes desse gênero cativam pela beleza das imagens, finais felizes e lições de solidariedade e perdão entre os seres. Mesmo os vilões são capazes de se arrepender e derramar lágrimas quando diante de velhos clichês como inimigos abraçando-se e prometendo viver em paz para todo o sempre.

Tenho exata noção de que posso estar interpretando narrativas do gênero em questão sob um viés incomum e talvez incorreto. Mas, não posso deixar de pensar assim. O fato é que desde os meus primeiros estudos, quando compreendi a posição da Terra – o “meu” planeta – dentro do universo, fui tomado pela impressão de que éramos frágeis demais e talvez a nossa história pudesse ter um fim inesperado de um momento para outro. Quando aprendi que a era dos grandes répteis terminou pela ação do choque de um grande corpo celeste contra a Terra, levantando imensa nuvem de poeira, os meus temores se agravaram.

Agora leio na capa da Revista Veja sobre o tal fim do calendário maia e a possibilidade do fim do mundo em 2012. Fico incomodado com isso, como fiquei há muitos anos quando li que o governo norte-americano enterrara cápsulas com informações sobre a nossa civilização para o caso de desaparecermos e um dia seres inteligentes ressurgirem na Terra.

A minha intenção não é transformar um filme infantil numa peça de terror. Mas não é demais lembrar que o pior terror não é o explícito, o pior é aquele que acontece às claras, sem monstros nem nada, terror como aquele de uma manhã calma em Hiroshima de repente interrompida por uma bomba vinda do céu.

Notas sobre o fim do mundo

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Meu irmão dizia que, por ocasião de sua morte, gostaria que seu espírito vagasse, eternidade afora, nos altos da Serra da Mantiqueira. Morto há muitos anos, não sei lhe foi concedido esse privilégio. Morreu cedo e levando a sério a filosofia de Nietzsche a qual, segundo minha mãe, custou-lhe muito.

De minha parte não sonho com o outro mundo, nem com as variantes do melhor jeito de aproveitá-lo. Para os meus limites de delírio pessoal basta pedir que o fim do mundo aconteça num dia de infinito azul, verdes quase agressivos e um sol exuberante realçando os detalhes da boa e velha Mantiqueira.

E olhe que não falo sobre nenhum absurdo já que é conhecida a previsão do fim dos tempos para 2012. Profecias e calendários antigos apontam para esse ano no qual, segundo os astrônomos, a Terra e outros corpos celestes estarão num alinhamento que poderá influir em suas forças gravitacionais. Nesse caso, uma espetacular hecatombe se abateria sobre a Terra com inversão de sua rotação, movimento abrupto dos continentes, colisões, invasão das águas oceânicas e, obviamente, o fim de todas as espécies. Terminaria assim a nossa civilização que só voltará a existir se a teoria do eterno retorno de Nietzsche for correta.

Tudo isso é muito holiwdiano para que realmente aconteça, mas quem sabe? E se Nostradamus estiver certo? Lembrem-se: o calendário da desaparecida civilização maia termina em 2012. E se os maias estiverem certos?

Pois se o mundo acabar, que seja num dia como este: nenhuma nuvem no céu, placidez absoluta, silêncio respeitoso ante um mundo que parece nos dizer que se exibe em toda a sua beleza natural porque está a se despedir.

Alpha et Omega.