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Na calçada, o velho gritava ao telefone. Protestava contra o fato de um Tal aparecer para dormir na casa dele, mas muito fedido. Repetia sobre a cara de pau do Tal, sujeito que não tomava banho. Parente serpente. O Tal seria primo da mulher ou coisa que o valha. Mas, fedido, malcheiroso, porco mesmo.

O calor anormal que acontece agora na Europa, certamente gera suores com odores não muito agradáveis. Tanto que na Áustria foram distribuídos frascos de desodorantes no metrô. Impossível viajar-se nos trens em meio à fedentina.

No dia-a-dia nem sempre convivemos com pessoas cuidadosas quanto à própria higiene. Há quem seja cercado por uma espécie de fumaça invisível cujo cheiro é de amargar. Certa vez, num avião, sentei-me ao lado de um cara que não tinha nenhum capricho em relação aos seus humores e gases intestinais. De minha parte fui aguentando. As coisas se mantiveram até que uma senhora, no banco detrás, chamou pela aeromoça e reclamou. Entretanto, o malcheiroso simplesmente ficou na dele. Nãos e deu por achado. A usina intestinal dele continuou em plena produção. Mais de uma vez me levantei, tentando achar outro lugar no avião lotado. Em vão. Foram quase três horas de sufoco.

Certos hábitos e comportamentos podem nos escandalizar, mas, nem sempre denotam falta de asseio ou de educação. Da minha infância trago imagens de situações pouco usuais nos dias que correm. Naquela época vivíamos numa zona rural. Aos domingos os trabalhadores de sítios e fazendas vinham até o lugarejo para assistirem às missas. Pessoas simples, mas bem cuidadas. Acontecia, porém, que, por volta do meio-dia, precisavam almoçar. Então era comum ver-se famílias reunidas em círculo, alimentando-se do conteúdo de uma panela a qual era passada de um a outro. Usavam uma única colher e a mesma vasilha que continha os alimentos. Era como era. Em família.

Nem todo mundo prima pelos bons cuidados em relação ao asseio. O velho que gritava ao telefone tinha suas razões para protestar. Era a ele inadmissível alguém aparecer na casa de outrem e submeter os parentes a seu descaso com o próprio corpo. Imagino que qualquer um que anda por aí seja capaz de falar sobre casos desse tipo, tão desconfortáveis.

É, acontece.

Escrito por Ayrton Marcondes

21 agosto, 2018 às 2:19 pm

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