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Analfabeto funcional

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Confesso que não sabia da existência de analfabetos funcionais ou, pelo menos, o significado dessa designação. Segundo notícia divulgada nos jornais de hoje, analfabeto funcional é um camarada que lê apenas decifrando letras e não interpretando o que foi lido ou que escreve apenas reproduzindo palavras ditadas ou copiadas.

Segundo um promotor o futuro deputado federal Tiririca é analfabeto funcional. Baseia-se ele no parecer de uma fonoaudióloga do Instituto de Medicina Social e de Criminologia de São Paulo. A fonoaudióloga esteve presente na audiência em que Tiririca foi submetido a teste de ditado e leitura, ocasião em que o desempenho do futuro deputado realizou-se com dificuldades características de um analfabeto funcional.

Convivi, no interior, com muitas pessoas analfabetas, algumas delas bastante interessantes. No meio em que viviam a leitura nem sempre fazia falta a elas. A simplicidade da teia de relações em que estavam envolvidas fechava-se a contento sem que a leitura fosse necessária. Vez ou outra essas pessoas necessitavam lidar com papéis – os problemas com escrituras eram os mais frequentes. Nessas ocasiões, alguém era encarregado de ler o que estava no papel e as coisas ficavam bem resolvidas.

De minha infância trago a imagem de um homem que, certo dia, bateu à porta da casa de meu pai. Tinha ele recebido uma carta corrente, daquelas cujo texto promete sucesso caso sejam enviadas dez cópias a outras pessoas. Grandes desgraças aconteceriam a quem não as enviasse. Pois o pobre homem, analfabeto e simples como era, ouviu de alguém a leitura do texto da corrente e desesperou-se. De meu pai queria ele que providenciasse cópias feitas na máquina de escrever – nem se falava em Xerox naquela região.

Deu um trabalho danado digitar aquela baboseira. Obviamente, fui o encarregado da missão que veio a contribuir, firmemente, para o meu hábito de digitar com dois dedos. No fim, o homem partiu com as suas dez cópias, feliz e aguardando a sorte grande que o procuraria nos dias seguintes. De resto, estava livre de possíveis desgraças como aquela que roubou a vida a um príncipe, segundo a corrente.

A explicação dada pela fonoaudióloga sobre os analfabetos funcionais veio colocar ponto final numa história que sempre me intrigou. Trata-se de uma jovem que, por grande necessidade de trabalho, matriculou-se numa escola de datilografia. Sonhava ela com bom emprego em escritório, talvez como secretária. O fato é que a moça aprendeu a datilografar, mas nunca conseguiu emprego em que fizesse uso do conhecimento datilográfico adquirido. Para esse fato tinha o irmão dela explicação bastante simples. Dizia ele:

- Não adianta saber datilografar: ela não entende o que lê, nem o que escreve.

Só agora tomo ciência do analfabetismo funcional da moça em questão. Fico pensando no grande número de analfabetos funcionais que andam por aí. Resta saber se eles podem se candidatar a cargos eletivos. Entende o promotor que processou o Tiririca que não. O promotor pede cinco anos de prisão para o Tiririca, segundo ele a merecer a condenação por pratica de falsidade ideológica.