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O centenário de Chico Xavier

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Aproxima-se o centenário do nascimento de Chico Xavier que será comemorado no próximo dia 2 de abril. Mais destacado médium espírita do Brasil, Xavier morreu, em 2002, deixando mais de 400 livros publicados e respeitável obra assistencial. Para o seu centenário preparam-se alguns filmes e documentários que brevemente serão lançados.

Os livros de Chico Xavier, segundo suas declarações, não foram escritos por ele mesmo: seriam obras psicografadas, ditadas ao médium por espíritos de pessoas desencarnadas. Um desses espíritos, o médico André Luis, teria ditado a Chico Xavier alguns de seus livros, o primeiro deles com o título de “Nosso Lar”. Em “Nosso Lar” André Luís relata a sua chegada a uma colônia espiritual, logo após a sua morte. A colônia é um lugar onde os espíritos aprendem a trabalhar entre uma encarnação e outra.

“Nosso Lar” é disparado o livro de maior sucesso de Chico Xavier, tendo sido vendidos 1,5 milhão de exemplares da obra. Trata-se de um romance, para se dizer o mínimo, espantoso. Em primeiro lugar há que se levar em conta o modo como Chico Xavier psicografava as suas obras: escrevia num ritmo vertiginoso, mostrando-se fisicamente alijado do  fazia (existem várias filmagens de Chico psicografando). Além disso, não há como negar a “Nosso Lar” o conteúdo extremamente imaginoso, criação consistente de escritor que sabe conduzir a trama que aborda e domina os percalços dos textos que escreve. Por tudo isso, há que se reconhecer em Chico Xavier, senão o médium, senão o homem que conversa com espíritos, um criador dotado de grande imaginação e domínio literário, características que resultaram  nas inúmeras obras que publicou. Aliás, a primeira delas, chamada “Parnaso Além-túmulo” e publicada em 1932, causou grande celeuma nos meios intelectualizados do país ao trazer 256 poemas atribuídos a poetas mortos, entre eles os portugueses Antero de Quental e Guerra Junqueiro e os brasileiros Olavo Bilac e Cruz e Souza.

De Chico Xavier sobressai a figura humana. Sendo verdade que ele foi um grande divulgador do espiritismo e atribuindo-se os seus feitos à mediunidade, nem por isso se apagam os seus atributos pessoais. O fato é que Chico Xavier não foi alguém “comum” em toda a expressão que esse termo engloba. Sua presença física, seu modo de ser e a luz que dele emanava nas mais diferentes situações impunham-se como oriundas de um ser especial e tantas vezes inexplicável. Ainda que não se creia no espiritismo, ainda que se neguem os princípios daquela doutrina, ainda assim Chico Xavier continua a ser um enigma.

Chico Xavier impressionou muito a todos que o viram e dele se aproximaram. É difícil descrever o impacto dele sobre os mais variados tipos de pessoas, independentemente de suas classes sociais. O fato é que dificilmente alguém conseguiria classificá-lo como mistificador. Acompanhava-o uma espécie de aura, algo entre o humano comum e o venerável, a simplicidade absoluta que só se encontra na verdadeira grandeza. O que ele terá sido de fato talvez jamais cheguemos a saber. Talvez, de forma simplista e cedendo à necessidade de classificar o inclassificável, possamos apenas defini-lo com uma palavra: iluminado.

É isso: Chico Xavier foi um iluminado, assim as coisas continuam em seus devidos lugares e podemos dormir em paz.