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Depois da morte

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Há quem se preocupe demais com o que será de seu corpo após a morte. Para essas pessoas é como se, mesmo após a morte, a ligação com seu corpo permanecesse ativa. Uma senhora me disse, certa vez, sobre o horror que experimentava ao imaginar seu corpo preso dentro de um caixão e sendo devorado por vermes.

Quem já presenciou uma exumação sabe bem como as coisas se passam. Num cemitério do interior estive presente na exumação do cadáver de uma mulher que, suspeitava-se, falecera em consequência do esquecimento de ferramentas cirúrgicas em seu abdômen. Terra removia, caixão na superfície eis que, ao ser aberto, dele surgiram baratas e outros insetos que se fartavam dos restos mortais. O forte odor de matéria em decomposição e a cena desagradável presenciada foram e são inesquecíveis. No final constatou-se, infelizmente, a presença de material cirúrgico no decomposto organismo da mulher.

A preferência pela cremação tem conquistado muitos adeptos. Com ela desparecem resquícios físicos da passagem dos seres humanos sobre o planeta. Após a cremação familiares recebem as cinzas daqueles que partiram. O destino dado às cinzas varia de acordo com os desejos dos familiares, muitas vezes atendendo a pedidos dos que faleceram. Há pouco tempo um casal de idosos veio a falecer com diferença de intervalo de poucos meses. Os filhos optaram por depositar as cinzas dos dois no solo, junto a uma árvore, numa propriedade rural da família. Em outro caso as cinzas de uma senhora foram lançadas ao mar.

Laboratórios de faculdades contam com a presença de cadáveres que servem ao estudo da anatomia humana. São mantidos em formol para que se mantenham conservados. Há quem doe seus corpos para que sejam utilizados após a morte. Outros cadáveres pertencem a indigentes e pessoas não identificadas. Existem casos relatados de pessoas que desapareceram e, mais tarde, foram identificadas, casualmente, com seus corpos em laboratórios. Na internet se lê sobre o caso de uma estudante que iniciou a dissecação do cadáver da sua avó. Tendo a avó optado por ceder seu corpo para estudos relata a neta visitas periódicas para rever o cadáver.

Por outro lado, não devemos nos esquecer daqueles que acreditam ser possível o retorno à vida mesmo muito tempo depois da morte. Existem locais onde corpos são mantidos em cápsulas que os protegem contra a decomposição de seus organismos. Sob temperaturas baixíssimas e preservando as estruturas orgânicas pretende-se retornar à vida em momento futuro no qual a evolução da ciência permita a reparação das causas que provocaram a morte.

O fim da vida é inevitável. O destino dos restos humanos nem sempre um problema de fácil solução. Noticia-se que na cidade de São Paulo cemitérios contam com grande número de ossos em sacos plásticos, muitas vezes sem identificação. O Serviço Funerário do Estado está a merecer a atenção dos governantes.

A morte é certa. Melhor não pensar nisso ou decidir sobre o que será de nossos corpos quando deixarmos esse mundo.

Escrito por Ayrton Marcondes

25 julho, 2019 às 11:29 am

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