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Dois futuros perdidos

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Pode ser que diante do impacto de tantas desgraças cotidianas fique a impressão de que em passado recente não se tenha visto coisa assim. Talvez em anos anteriores a média de tragédias tenha sido semelhante à de 2010, não sei. Entretanto, é de fato impressionante a frequência de notícias sobre enchentes, terremotos, deslizamentos etc. Quanto aos terremotos o mais recente, ocorrido na China, soma-se ao do Haiti e ao do Chile, todos eles marcados por mortes, destruição e milhares de desabrigados.

Parece estar em ação um grande descontrole ambiental, cujas origens desafiam os especialistas. Há quem defenda o caráter cíclico dos acontecimentos atuais. Entretanto, para a maioria está-se a pagar o alto preço pela devastação ambiental e seus efeitos negativos sobre o planeta, disso se descontando os movimentos das placas tectônicas que geram terremotos.

Sejam quais forem as causas, o que não se engole são as imagens de sofrimento e destruição. Diariamente assistimos, pela televisão, reportagens que mostram pessoas em completo desespero porque perderam entes queridos e todos os seus pertences. As faces nas quais a dor é acompanhada da perda de referência em relação ao mundo em que se vive são marcantes e inesquecíveis. É terrível ver pessoas que, dias depois, vasculham áreas destruídas com a esperança de localizar pelo menos os corpos daqueles que amam.

No caso das enchentes e deslizamentos há sempre o argumento de que as chuvas têm sido desproporcionais à capacidade de evasão das águas, fato verdadeiro, mas que não isenta a parcela de responsabilidade das autoridades. Existe por aí muita gente morando em encostas que não oferecem qualquer segurança e isso passa batido às prefeituras e governos estaduais. O episódio de Niterói onde casas construídas sobre uma área que foi um lixão vieram abaixo é só mais um a somar-se a outros nos quais pereceram muitas pessoas.

Muito se fala sobre esse assunto, ano após ano, sem que existam ações efetivas para pelo menos minorar os efeitos devastadores das grandes tempestades. No fim sobram imagens, como essa que vi hoje de manhã: a de um homem simples com água acima de joelhos numa rua de cidade do interior da Bahia. Abordado pelo repórter e inconsolável pela morte de duas crianças que ele não conseguiu salvar e ainda não encontrou, o homem só soube dizer:

- Foram dois futuros perdidos.