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Desempregados

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Ano passado foi de crise. Alardeado como princípio de governo e necessidade de reformas seriam dados os primeiros passos para que o PIB finalmente começasse a deslanchar. Os doze milhões de desempregados e a miséria refletiam a urgência em sair do buraco.

Entretanto, nem de longe se supunha sobre o que viria pela frente. Eis que o ano de 2020 se abre com razoáveis perspectivas de recuperação. Passam-se poucos meses e aparece no noticiário o fato de a China estar em combate com um novo vírus. O restante da história todo mundo conhece. O Covid-10 se espalhou pelo mundo, no Brasil morrem cera de mil pessoas por dia e não se sabe ao certo o número real de infectados. O confinamento paralisa a economia. Empresas demitem. Está armado o painel de desgraça progressiva a que somos submetidos no dia-a-dia.

Verdade que o vírus não respeita a riqueza. Para ele são indiferentes ricos, remediados e pobres. Assim, ninguém está livre do perigo de vir a ser infectado e, pior, de ir a óbito. Mas, se falamos em ricos e famosos não deixa de ser interessante o modo como esse grupo se apresenta e se protege nos dias que correm. Recolhidos às suas casas pessoas famosas destacam-se na mídia não pelo que fazem profissionalmente, mas pelo modo como vivem no período em que o confinamento os fasta dos holofotes. Assim, casas espetaculares são mostradas, mulheres explicam como se adaptam aos fazeres caseiros agora que seus exércitos de domésticas estão afastados, homens e mulheres cedem entrevistas sobre as rotinas de home office a que estão obrigados. Corpos esculturais relatam ao povo técnicas para manter-se em forma isso quando não se deixam fotografar com peças mínimas nas piscinas de suas casas. Há que se estar preparado para o momento em tudo voltar ao normal e as atividades reiniciarem.

Mas, nem tudo é favorável aos que pertencem às classes mais privilegiadas. Eis que também as empresas se ressentem da crise e veem-se na contingência de demissões para contenção de custos. Devido a isso pessoas que nos pareciam intocáveis tornam-se desempregadas do dia para a noite. Tem acontecido em empresas de vários setores, mas casos que mais chamam a atenção dizem respeito a pessoas que nos são mais familiares. Em particular aqueles que trabalham em meios de comunicação atraem mais a atenção. Redes de televisão demitem artistas e jornalistas de seu primeiro escalão. Fulano de tal a quem estávamos habituados a ver no vídeo nos últimos 25 anos não teve seu contrato de trabalho renovado. Querido pelo público a mídia apressa-se em apresentar opções para que o tal fulano volte a trabalhar. Conhecido ator que há 50 anos trabalha em rede televisiva é demitido e vem a público para dizer-se sem reservas financeiras e da dificuldade em manter-se em razão da idade avançada. De repente, o mundo privado das personalidades se abre sob outros aspectos aos olhos curiosos do povo.

A epidemia corrente não dá sinais de que venha a terminar brevemente. Enquanto perdurar seguiremos como coadjuvantes nessa interminável peça cujo tema principal é o mundo de cabeça para baixo.