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A dança dos números

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Depois da tragédia que retirou da corrida presidencial o pernambucano Eduardo Campos o mundo da política virou de cabeça para baixo. Marina Silva foi indicada como substituta de Campos e seus dois concorrentes mostram-se atônitos. Marina cresce em pesquisas e nas simulações aparece com grande possibilidade de vencer as eleições no segundo turno. Aécio Neves do PSDB passa por momento difícil agora que está em terceiro lugar nas pesquisas e distante de Marina Silva, a segunda colocada.

Ainda hoje nos ressentimos do triste destino de Eduardo Campos. Talvez para mim a morte dele se pareça mais incompreensível porque o avião no qual viajava caiu aqui perto do lugar onde trabalho. De tudo o que então se passou guardei o que disse o dentista chamado para ajudar na identificação dos restos mortais de Campos: era impossível reconhecer a arcada dentária tal como ficaram os corpos depois do acidente. Enfim, poucas horas antes o homem falava ao país em entrevista no Jornal Nacional, forte, lúcido e cheio de esperanças para, na manhã seguinte, ser transformado num corpo sob análise no IML.

Mas, a vida continua. É do homem o espírito guerreiro, a vontade de conquista, muitas vezes e infelizmente a ânsia de dominação. De modo que bem depressa a figura de Eduardo Campos vai sendo esquecida dado que mortos devem ficar onde estão, ou seja, no passado. E começa a corrida com a divulgação de pesquisas que deixam o eleitorado alarmado. Inicia-se a dança de números que ora favorecem, ora pioram, as projeções dos candidatos.

O que está na boca do povo é mais que a surpresa da ascensão de Marina Silva. Afinal, quem é mesmo essa Marina Silva e do que é realmente capaz? Até agora não se tem respostas concretas em relação ás dúvidas que cercam a personagem Marina Silva. Terá ela, caso venha a ser eleita, capacidade e experiência para vir a dirigir o país? Não se sabe.

As engrenagens políticas são complexas e sabe-se que só uma pessoa não consegue ter nas mãos todo o poder disponível. Entretanto, a história muitas vezes desmente a afirmação anterior. Há casos em que se elege alguém para a presidência mesmo não se pondo muita fé em sua pessoa. George W. Bush é um bom exemplo disso. Gozava-se muito o Bush na imprensa. Mas foi bem ele que decidiu atacar o Iraque buscando armas de destruição em massa que simplesmente não existiam. Cabe a ele responsabilidade sobre os desdobramentos políticos e sociais ainda sem soluções à vista no Oriente Médio.

Mas, que venha bem a Marina Silva que subitamente transforma-se numa esperança das mudanças de que o país tanto necessita. Mulher de força ela é, isso não se pode negar. Sair das condições em que saiu e chegar aonde chegou demonstra determinação e capacidade de liderança.

Em breve saberemos no que tudo isso vai dar. Enquanto isso resta-nos acompanhar a dança dos números publicados pelo IBOPE e pelo DATAFOLHA.