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Eclipses

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Falha-me a memória sobre o caso de um náufrago português que, capturado pelos índios, teria se livrado do sacrifício graças a um eclipse. Não sei ao certo se tal se sucedeu em relação a Caramuru, náufrago português que passou a vida entre os indígenas da costa do Brasil. Seu nome era Diogo Álvares Correia e a alcunha de Caramuru foi a ele dada pelos Tupinambá.

Em menino ouvi de meu tio a história desse náufrago que escapou do suplício ao dizer aos índios que, caso o matassem, apagaria a luz do sol. Era dia em que ocorreria o eclipse e o náufrago safou-se por isso.

Os acontecimentos envolvendo fenômenos espaciais sempre despertaram a curiosidade e atraíram atenção. Meu pai era menino quando o Halley nos visitou, em 1910. A presença do enorme cometa, pairando no céu, despertou pânico. Acreditava-se que seria o fim do mundo. Como sempre acontece houve quem se aproveitasse da ocasião para vender baboseiras como garrafas com oxigênio, comprimidos milagrosos etc. Mas, a imagem do grande cometa permaneceu nas memórias tanto que ouvi de pessoas pertencentes a gerações que me precederam histórias referentes a ele. Aliás, o Halley tornou a estar nos nossos céus em 1986, desta vez mais menos aparente. Eu o vi numa noite, no céu da Serra da Mantiqueira. Distante, sorumbático, pouco se deu a exibicionismo. Deixara de lado o legado recolhido pelos homens a partir de 1910. Seu próximo passeio pelo espaço próximo à Terra está previsto para 2061 e será visto por todos caso a humanidade ainda persista no planeta.

Ao longo de minha vida presenciei uns poucos eclipses. Mas, reclamo daquilo que considero verdadeira fatalidade: a maioria dos eclipses acontece em ocasiões em que o céu está nublado. Assim fica-se na promessa de vir a observar um fenômeno sempre interessante.

Pois não é que para hoje está previsto um eclipse lunar? Será do tipo penumbral, ou seja, poderão ser vistas sombras na Lua. Daí a Lua parecer com cor diferente, próximo ao fumê. O Sol, a Terra e a Lua estarão nessa ordem, mas não perfeitamente alinhados. Daí uma parte da luz do Sol não chegar à Lua, então a penumbra.

Mas, adivinhe. Saia fora de sua casa e olhe para o céu. Torço para que você tenha sorte e veja o eclipse. Aqui onde estou o céu está nublado. Bem nublado.

Escrito por Ayrton Marcondes

5 junho, 2020 às 4:54 pm

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Os preparativistas

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Você está preparado para enfrentar algum tipo de catástrofe? Filmes sobre catástrofes são frequentemente produzidos e fazem sucesso. Depois dos tsunamis uma onda de filmes sobre o assunto encheram as telas. Dias atrás um canal de TV passou, durante alguns dias, o filme “Impossível” baseado numa história real. Uma família em férias num lugar de praia é surpreendida por um tsunami. As cenas das águas varrendo tudo o que encontram pela frente são de tirar o fôlego. Depois da catástrofe os membros da família passam a procurar uns aos outros, havendo a suspeita de que possam ter morrido. O filme é tenso e nos leva a pensar sobre o que faríamos caso nos víssemos diante de uma imediata catástrofe por acontecer.

Há quem pense que o fim do mundo está próximo. Viradas de séculos e de milênios causam arrepios em muita gente dado a possibilidade do fim dos tempos. Há quem se preocupe com a trajetória de asteroides ou de uma inesperada explosão solar de grande magnitude. Hoje em dia com o avanço da degradação ambiental, verificam-se mudanças climáticas importantes e ameaçadoras. Dias atrás discutiu-se mais uma vez a possibilidade de certas regiões litorâneas desaparecerem em consequência dos efeitos do aquecimento global. E está nas telas do cinema o filme Noé para lembra-nos de que houve um tempo em que tudo desapareceu, salvando-se apenas os escolhidos para se abrigarem na arca. Está na Bíblia e não se sabe se aconteceu mesmo ou não.

Há, também, quem se preocupe em preparar-se para o caso de algo grandioso destruir a nossa civilização. São os tais preparativistas sobre quem fala um artigo do jornal norte-americano “The New York Times”. Relata o jornal a realização da terceira Exposição Nacional de Sobrevivencialistas e Preparativistas. Trata-se de evento de inclinação apocalíptica na qual se vendem soluções para calamidades. A ideia é a de que uma pessoa comum possa estar preparada para o caso de ocorrer uma grande calamidade.

Sacos para mortos em massa, canivetes táticos, filtros de água movidos a gravidade, desfibriladores automáticos e outros equipamentos podem ser adquiridos por pessoas que se preocupam com acontecimentos trágicos de grande magnitude.

Meu pai era um menino pequeno quando da passagem do cometa Halley em 1910. Lembrava-se ele da comoção causada pela visão do belo corpo celeste próximo da Terra. Consta que algumas pessoas chegaram a se matar tanto medo tiveram de um colisão que destruiria a Terra. Falava-se, também, sobre a existência do gás letal cianogênio na cauda do cometa fato que gerou um clima de pânico global. Em 1986 vi o Halley no céu. Passava ele, 76 anos depois, mais longe que na vez anterior de modo que o víamos pequeno. Ainda assim, foi possível imaginar o efeito que causara sobre a gente de 1910, época em que não se dispunham das informações que hoje temos.

A verdade é que não estamos preparados para catástrofes, vejam-se as consequências do terremoto que atingiu região do Chile dias atrás. De modo que o melhor a fazer é não pensar no assunto. A civilização humana pode até vir a ter um fim, mas socorre-nos o fato de não fazermos a menor ideia de quando isso acontecerá. Então o que mais vale é aproveitar a vida e o mundo enquanto ele durar.

Vem aí um cometa

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Talvez porque meu pai sempre falasse sobre cometas eu me tornei aficionado desses tipos de corpos celestes. Meu pai era menino pequeno quando viu o cometa Halley em 1910. Naquela aparição o cometa foi recebido com verdadeiro pavor pela população. Falava-se sobre os gases venenosos que teria em sua longa e brilhante cauda, gases esses que seriam mortais aos seres humanos. Consta que houve grande alvoroço em todo o mundo durante a visita do Halley ao espaço próximo da Terra. Do pavor gerado pelo cometa resultaram a produção e venda de máscaras para proteção contra gases venenosos, vestuários protetores e até comprimidos que salvariam milagrosamente aqueles que fossem atingidos pelo veneno.

O Halley passa perto da Terra a cada 76 anos. Meu pai o viu em 1910 e eu em 1986. Estávamos nas montanhas e fui com meu filho a um ponto no qual podíamos observar o cometa. Lembrei-me de que meu pai contava ter visto um cometa grande no céu fato que se explica pela maior proximidade do corpo celeste com a Terra. Em 86 o Halley me pareceu acanhado. Podia, sim, ser visto, mas tão distante estava que perdera parte de seu encanto. Eu que sonhara ver um grande e luminoso cometa no céu fiquei decepcionado.

Agora se anuncia, para novembro deste ano, a passagem do cometa Ion. No momento o Ion aproxima-se da órbita de Júpiter, estando a 612 milhões de Km da Terra. Trata-se de um cometa cuja cabeça tem um diâmetro de 5000 km, sendo, portanto, maior que o tamanho da Austrália. Já a cauda tem 97,1 mil km.

Os astrônomos falam sobre a possibilidade de um espetáculo visual incrível durante a passagem do Ion perto da Terra. Isso é muito animador de vez que não verei a próxima passagem do Halley que se dará em julho de 2061 quando, certamente, terei de há muito tornado ao pó.

Há pouco faleceu um amigo que adorava observar o cosmo. Rapaz de poucos recursos empenhou suas economias na compra de uma luneta, isso no início dos anos 60. Era comum vê-lo com a luneta sobre um tripé observando o céu. Familiarizara-se com o nome e a posição das constelações e sempre dizia ter visto a queda de pequenos meteoros. Conhecia bem os mistérios da Lua de modo que recebeu com alegria a chegada dos astronautas americanos ao satélite.

O sonho do amigo a que me refiro era estudar astronomia. Não pode levar adiante o seu plano dadas as dificuldades da vida. Mas, sempre que eu o encontrava, arranjava tempo para me falar sobre o espaço, paixão da vida dele. Eu fiquei só com os cometas, sonho de vê-los com os olhos de meu pai em 1910 quando, assim contava ele, houve até gente que se matou por medo dos efeitos da passagem pelos nossos céus.