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A “Deis Conto”

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Carlos Zérifo fez a alegria da moçada na época em que fotos de mulheres nuas eram raridade. As revistinhas escritas por Zérifo eram o máximo. Tinha ele o “timming” necessário para tratar do assunto. Havia sempre aquela mocinha de corpo escultural, ainda virgem, que seria deflorada na sequência de desenhos altamente sugestivos.

As revistinhas assinadas por Zéfiro eram raridade. Em torno delas girava verdadeiro câmbio negro. Quem as tinha emprestava-as aos amigos com hora marcada para devolução. No mais tudo se resumia às fotos das belas de maiô na capa das revistas “O Cruzeiro” e “Manchete”. As “Certinhas do Lalau” faziam furor. Era comum, nos anos sessenta do século passado, colunistas sociais elegerem as dez mulheres mais bem vestidas. Stanislau Ponte Preta, pseudônimo de Sérgio Porto, criou a lista das mulheres mais bem despidas, “as certinhas”. Era o trabalho do “mulherólogo”, um sujeito a quem cabia mais ser conquistado que conquistar.

Como se vê tudo muito diferente do que se verifica nos tempos que correm. Hoje a internet oferece de tudo com os tais sites pornô abertos a quem quiser visitá-los. Entendidos do assunto culpam a banalização do sexo como uma das causas do desinteresse de muita gente por essa atividade.

Não sei como as coisas se passam exatamente hoje, mas, no passado, era comum a iniciação sexual dos rapazes, levados à “zona” onde tinham sua primeira experiência com prostitutas. Lendária era a “A Casa da Eny” localizada na cidade de Bauru, interior de São Paulo. Eny mantinha o maior bordel do Estado, quem sabe do Brasil. Sobre isso existe o livro “Eny e o Grande Bordel Brasileiro”, escrito pelo jornalista Lucius de Mello.

Bordéis sempre existiram por esse Brasil afora. Entretanto, nas pequenas localidades, o comércio sexual mantinha-se - e mantem-se -restrito às atividades de umas tantas profissionais sem vínculo com alguma organização. Em localidades menores ainda sucedem ser raras essas profissionais. Daí vir à memória a tão popular “Deis Conto” que fez fama numa cidadezinha de não mais que cinco mil habitantes. Era uma moça mais para gorducha que não primava tanto pelo asseio. Consta que não dispunha de lugar próprio para oferecer seus favores sexuais razão pela qual praticava-se o ato na disponibilidade da ocasião.

A “Deis Conto” era popular na cidade. Incorporara-se ao folclore local e falava-se dela com alguma simpatia. Não era como aquela “Geni” da música do Chico Buarque que salvou a cidade numa noitada com estranho viajante para, depois, ser agredida pela população.

A “Deis Conto” terá iniciado muita rapaziada no ofício sexual. O apelido fora dado a ela em relação ao valor que cobrava pelos seus obséquios sexuais. Eram dez cruzeiros. É, a “Deis Conto” era do tempo dos cruzeiros.

Escrito por Ayrton Marcondes

18 maio, 2020 às 1:00 pm

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As chacretes

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- Meu caro, as chacretes são uma instituição nacional. Não fazem parte só da história da televisão, não, elas são parte integrante da História do Brasil. Aquelas loucas participaram ativamente do imaginário de pelo menos duas gerações de homens que de deliciavam ao vê-las no “Cassino do Chacrinha”.

Quem me disse isso foi o meu vizinho revoltado que está com a nova novela da Rede Globo na qual uma personagem, ex-chacrete, confessa que aos tempos de chacrete foi garota de programa.

Bem. As antigas chacretes estão se reunindo para protestar porque entendem que a imagem delas está sendo denegrida. De todo modo eis ai um assunto complexo porque envolve a memória de um dos maiores e mais inexplicáveis fenômenos de comunicação do país, o velho guerreiro Chacrinha.

Até quem não curtia o “Cassino” via-se obrigado a reconhecer a incrível criatividade do Chacrinha. Durante anos ele inventou e desinventou, divertindo os espectadores sempre ligados ao seu programa. Chacrinha era desses caras dotados da capacidade do repente, desses capazes de nos surpreender a cada minuto porque nele tudo parecia inesperado.

As chacretes eram as gostosonas do Chacrinha, continuadoras de um tempo em que o brilho das “Certinhas do Lalau” apaixonavam multidões. O Lalau - Sergio Porto, o Stanislau Ponte Preta - entendia as certinhas como as mais bem despidas. Eram mulheres que para o gosto e moda de hoje calcado nas manias de regime talvez parecessem só um pouquinho avantajadas. Mas eram o topo da lista entre as mais belas do país.

Não assisti a nenhum capítulo da novela e não sei dizer se as chacretes estão ou não sendo agredidas. Em todo caso tratei de acalmar o meu vizinho. Ele me contou que mantém em sua casa revistas antigas com fotos da mulherada que fez o Brasil tremer – assim ele se referiu a elas.

Discussões a parte, o fato é que esse assunto me devolveu uma época não tão distante na qual chegava a casa de meus pais e lá estava a turma com os olhos grudados nas loucuras do Chacrinha – e nas beldades, claro, nas chacretes.