células-tronco e enfisema pulmonar at Blog Ayrton Marcondes

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Não é mole parar de fumar. O vício se perpetua. Há quem tenha algum controle e consuma uns poucos cigarros ao dia. Mas, a maior parte dos fumantes costuma se perder na contagem. Digo isso porque fumei muito. Deixei o vício a mais de 20 anos, mas me considero um fumante que não fuma. Tenho a certeza de que se for agora à padaria da esquina, tomar um cafezinho e fumar um cigarro, um só veja bem, sairei de lá com um maço no bolso. Portanto, a vigilância tem que ser permanente.

Certa vez parei de fumar por quase um ano. Numa festa, cercado por amigos num ambiente esfumaçado, ousei fumar um cigarrinho. Seria só aquele, juro. Seguiram-se o segundo, o terceiro e voltei ao vício.

Certa ocasião fumei mais de três maços num dia de muita tensão. Na manhã seguinte, ao acordar, logo procurei pelo cigarro. Ao colocá-lo nos lábios senti que estavam queimados. Decidi deixar para fumar depois do almoço. Durante a tarde respeitei a trégua: fumaria à noite. Ao anoitecer fui à padaria e comprei meia dúzia de maços do meu cigarro favorito. Deixei-os à mostra em vários pontos da minha casa. Decidira lagar o vício, mas não poderia ficar sem os cigarros por perto. Se não os tivesse em casa ficaria desesperado. Coisa de louco, não?

Os primeiros dias foram terríveis. Da nicotina a gente se despede depois dos primeiros dias. Fica o hábito. A todo instante colocava a mãos nos bolsos, procurando pelo maço salvador. Gestos mecânicos que demoraram a desaparecer.

E nunca mais fumei.

Certa vez vi um homem, bastante idoso, num leito hospitalar, dentro de uma câmara de oxigênio. Ele não conseguia respirar. Os pulmões daquele homem estavam realmente acabados pela evolução de seu enfisema pulmonar. Entretanto, quando me viu, mexeu-se no leito e, com muita dificuldade, dirigiu-se a mim. Pediu-me, pelo amor de Deus, que lhe arranjasse um cigarro. Sabia que iria morrer, mas queria o último cigarrinho. Veio a falecer no dia seguinte.

Um tio fumou durante toda a vida cigarros sem filtro. Eram cigarros bastante fortes. Muitas vezes eu o vi, sentado, durante as madrugadas, com dificuldades respiratórias. Ele deixou os cigarros poucos anos antes de falecer. Meu pai fumou muito. Num fim-de semana surpreendeu-me com a notícia de que parara de fumar naquela manhã. Veio a falecer dois dias depois. Seus pulmões e o coração não resistiram aos estragos provocados pelo vício.

Há tempos se fala sobre tratamentos para o enfisema, doença na qual os alvéolos pulmonares são substituídos por tecido fibroso, situação até hoje irreversível. Agora noticia-se sobre o uso de células-tronco da medula óssea e do tecido adiposo para tratamento do enfisema. As primeiras evidências de bons resultados têm sido relatadas.

Segundo a OMS (Organização Mundial de Saúde) cigarros associados à poluição serão a terceira maior causa de mortes no mundo até 2030.