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Carnaval proibido

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Numa de suas crônicas para “A Semana” Machado de Assis lamenta a proibição de realização do carnaval:

“É crença minha que, no dia em que Deus Momo for de todo exilado deste mundo, o mundo acaba… Não veremos Vulcano estes dias, cambaio ou não, não ouviremos chocalhos, nem guisos, nem vozes tortas ou finas. Não sairão as sociedades, com seus carros cobertos de flores e mulheres, e as ricas roupas de veludo e cetim.”

A crônica é de 4 de fevereiro de 1894. Os festejos carnavalescos tinham sido proibidos devido à situação política anormal no Rio de Janeiro, então capital da República. 1894 foi o ano da eclosão da Revolta da Armada comandada pelo Almirante Custódio de Melo que se opunha ao governo do presidente Floriano Peixoto.

Não sei dizer sobre alguma outra proibição do carnaval de rua ao longo de nossa história. Desde que me conheço por gente os carnavais acontecem ano após ano para a alegria geral da nacionalidade.

Entretanto, existe por aí muita gente que não gosta de carnaval. Todo ano os canais de TV apresentam reportagens sobre pessoas que aproveitam esses dias para descançar, afastando-se da folia carnavalesca. Há quem prefira visitar museus, passear ou simplesmente recolher-se à meditação. São minoria. O carnaval arrasta multidões. São dias de loucura nos quais os blocos, trios elétricos e escolas de samba se tornam os mais importantes pólos de atração do país.

Cada brasileiro trás Em sua herança o gene do carnaval. Há algo maior que o simples interesse ou gosto nessa inclinação natural do brasileiro em cair na folia. Por isso, Machado de Assis parece nos falar sobre o carnaval de hoje. Mudaram os enfeites e os aparatos, mas o folião é o mesmo em todas as épocas.