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Na capital do Polo Norte

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A cidade chama-se Murmansk e localiza-se no noroeste da Rússia. É conhecida como “capital do Polo Norte” porque lá as temperaturas em janeiro e fevereiro alcançam -30ºC. Nessa cidade estão presos os ativistas do Greenpeace, acusados de pirataria. Entre elas há uma brasileira que tem mobilizado a chancelaria do país em favor da libertação dela.

Na minha imaginação não existe no mundo pior inverno que o da Rússia. Atribuo essa impressão a Dostoievski e a Napoleão. Na minha juventude li o livro de Dostoievski aqui traduzido com o título de “Recordações da Casa dos Mortos”. Trata-se da história de um sujeito que conta sobre sua prisão na região da Sibéria. De Napoleão ficaram-me as imagens do exército francês em sua retirada da Rússia, sucumbindo ao inverno rigoroso.

Para mim a ideia de um lugar onde as pessoas se movimentam entre montanhas de gelo e neve só começou a mudar durante a realização das Olimpíadas em Moscou. De repente víamos na TV os russos, gente como a gente. Tanto que na ocasião um amigo comentou que os “comedores de gente” eram iguais a nós. Muito mais tarde apareceu o Gorbatchov que mudou a burocracia russa. A queda do muro de Berlim colocou ponto final na Guerra Fria, isso para alívio do mundo porque sempre pairava no ar a possibilidade de uma guerra total.

O Greenpeace advoga que os  ativistas presos na Rússia nada mais fizeram que um protesto. As autoridades russas falam em pirataria o que representa a possibilidade de penas de até quinze anos na prisão. Pode até ser que a acusação de pirataria seja mudada para vandalismo cuja pena máxima é de seis anos.  Quanto à possibilidade de que os ativistas recebam perdão isso parece fora de questão. É bom lembrar que os ativistas estão presos na Rússia, o mesmo lugar em que mulheres pertencentes a um grupo musical estão cumprindo pena de dois anos de reclusão. O crime delas foi dançar numa igreja em protesto contra o presidente Vladimir Putin.

Embora muita gente interceda - os ganhadores do prêmio Nobel pediram ao governo russo a liberação dos ativistas - parece que a situação dos presos não se resolverá sem condenações. Noticia-se que a brasileira presa em Murmansk está bastante apreensiva. Caso não venha a ser perdoada ela passará por um duro teste de sobrevivência numa cela de 10m² quando o grande frio do começo do ano vindouro começar. Mas. até janeiro quem sabe a pressão internacional logre conseguir algum tipo de benefício aos ativistas recolhidos á prisão na capital do Polo Norte.