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A resposta da cadela

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Dez minutos antes de começar esse texto fui comprar gérberas numa feira próxima. A delicada moça que me vendeu as gérberas manipulou-as com cuidados de instrumentação cirúrgica. Quando cortou os talos para igualá-los em tamanho pude ver uma leve contração no rosto dela, como se aquilo doesse. Depois, preparou um pequeno buquê, acrescentando os tradicionais matinhos que conferem uma espécie de consistência ao conjunto. Quando paguei ela recomendou o uso de pouca água no vaso para manter as gérberas vívidas por mais tempo.

Na volta cruzei, na calçada, com uma mulher que trazia um cachorro grande preso a ela por um laço - tão grande era o animal que o mais certo seria dizer que ele trazia a mulher presa a si etc. Confesso que desde que fui mordido por um cão, quando criança, tenho lá as minhas covardias quando dou de frente com um animal grande e sem focinheira. Mas, como não havia outro jeito, respirei fundo e passei liso. Pura bobagem: o cachorro era desses que andam de cabeça erguida e ignoram os passantes. Tinha estirpe o danado. Não se deu ao trabalho de notar a minha presença, passou ao meu lado como faria se ali se encontrasse um objeto qualquer. Pernóstico, exibido, autoconfiante – pensei.

Cães. Morando em casa em lugar pouco povoado tive um cão pastor belga ao qual me afeiçoei. Era um guarda e tanto, mas que nascera com um problema digestivo não identificado pelos muitos veterinários que o atenderam. Um dia algo estourou dentro dele e lá se foi ele para a eternidade, isso para o meu desespero. Desde então decidi não ter mais animais domésticos: morrem antes da gente e sofremos muito com eles.

Há os que gostam de cães, os que preferem gatos e os que adoram os dois. Tive muitos gatos, o último deles um animal particularmente interessante. Eu dizia que aquele gato tinha uma inteligência incomum ao que sempre encontrava alguém para afirmar que cães são inteligentes e gatos não. Dessa discussão faz parte o amor pelos bichos de modo que a dúvida sobre mais ou menos inteligência talvez nunca seja esclarecida.

O fato é que esses animais estão sempre nos surpreendendo. Hoje a “Folha de São Paulo” publica um texto, assinado por Ricardo Mioto, no qual se destaca o fato de uma labrador dar diagnóstico de câncer de intestino com 95% de acerto. É isso mesmo, você não leu errado. A labrador chama-se Marine, tem 8 anos e vive num canil do Japão. Como ela faz isso? Ok, ela não examina pacientes, mas sim as fezes deles. A cadela fareja as fezes e, caso se sente diante delas isso significa que há câncer; se continuar andando a doença não existe.  Pode?

Os cientistas atribuem a capacidade diagnóstica da cadela a uma substância química presente nas fezes de pessoas com câncer de intestino. Trata-se de uma substância desconhecida que é farejada pela cadela.

Da resposta da labrador Marine depende, portanto, o diagnóstico de casos suspeitos de câncer de intestino. Repito que os diagnósticos da cadela são confirmados por exames laboratoriais em 95% dos casos. Incrível, não?