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Em caso de morte

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Éramos crianças. Não sou capaz de dizer quantos anos eu tinha, mas me lembro de que naquele tempo a morte era precedida por sinais. Lâmpadas que se acendiam em meio à madrugada sem que ninguém acionasse o interruptor, ruídos incomuns na casa ou fora dela e até o canto de galos em horas inabituais eram seguidos da notícia de que algum parente ou alguém próximo da família falecera.

Os mais antigos tinham relação mais direta com o sobrenatural. Hoje em dia não é assim, talvez porque nas cidades, mesmo as pequenas, se desfez o ambiente lúgubre nas noites mal iluminadas e o contato entre as pessoas através dos meios de comunicação tornou-se rotina. O mundo é outro, cada vez mais diferente dele mesmo a cada dia que passa fato que não nos deixa atônitos porque a mudança passou a fazer parte da rotina.

Mas, houve há poucas décadas um mundo no qual a televisão só começava e nem se tinha ideia de que um dia existiriam a internet, telefones celulares etc. Naquele mundo as regras de convívio eram diferentes, a consideração pelo próximo maior que a que hoje se observa e uma pitada de sobrenatural fazia parte do cotidiano das pessoas.

Lembro-me de certa madrugada em que, por estar a nossa casa em reforma, dormimos todos num mesmo quarto. Minha mãe arrumou a cama das crianças perto da em que ela dormia com meu pai e foi nesse lugar que ferramos no sono. Pois eis que pouco antes do amanhecer fomos acordados por ruídos estranhos e fortes no telhado da casa. Meu pai levantou-se, foi até a sala e usou uma escada para tentar identificar a origem da barulhada. Quando voltou ele disse à minha mãe que não encontrara nada. Ao que minha mãe, sempre atenta aos sinais, respondeu que aquilo poderia ser um aviso da morte de alguém da família ou conhecido.

Tenho comigo que na manhã seguinte fomos avisados sobre a morte de alguém. Guardei esse fato na memória por tantos anos e, sinceramente, não sou capaz de dizer se inventei o desfecho da chegada da notícia na manhã seguinte. Na verdade a minha tendência é não acreditar que isso tenha acontecido embora eu não possa jurar que tenha sido assim. As pessoas que estavam no quarto naquela noite infelizmente já morreram e fiquei eu com essa lembrança dos meus tempos de criança da qual, por alguma razão sempre me lembro, acho que para manter a possibilidade da existência do sobrenatural viva em meu pensamento.