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Os negros e o Oscar

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O caso da entrevista de Sean Penn com o traficante El Chapo está dando o que falar. Penn encontrou-se com El Chapo durante fuga do bandido. O problema é que El Chapo estava sendo procurado em todo o México. Há pouco fugira de presídio numa moto, percorrendo um túnel cavado de 1 km de extensão.

O prêmio Nobel Mário Vargas Lhosa publicou artigo classificando Penn como milionário desinformado, admirador de Fidel Castro e Hugo Chaves, pertencente a uma classe abastada que vive numa sociedade como a dos EUA sem noção do que acontece fora. Penn não levaria em conta a pobreza a que os líderes citados condenaram os povos de seus países, nem as muitas centenas de mortes determinadas por El Chapo.

Agora artistas e diretores negros de cinema avisam que boicotarão o Oscar porque nos dois últimos anos nenhum negro foi indicado para qualquer prêmio. A explicação de que talvez nenhum negro tivesse merecido a indicação parece estar fora de consideração. De nada adiantaram as ponderações de que a presidente da academia do Oscar é negra, nem mesmo a escolha de um negro para apresentar a próxima cerimônia.

Nos EUA a questão racial é mais intensa que entre nós. Isso não quer dizer que por aqui as coisas estejam normalizadas. O preconceito contra o negro continua enraizado em grande parte da população. Recentes agressões via internet a negros de destaque demonstram claramente a extensão do problema.

Meu avô foi dono de fazenda na qual vivia uma família de negros. Os membros dessa família fizeram parte da história da minha família. Nunca houve em relação a eles qualquer manifestação negativa de natureza racial. Moravam com a gente, gostávamos deles e eles de nós. Depois, com o passar do tempo, cada um seguiu seu caminho.

Certa vez, ao meu tempo de estudante em São Paulo, tomei um ônibus no centro da cidades. Numa das paradas de ponto o motorista levantou-se e veio até mim. Era uma negro alto e forte que se apresentou sorridente, perguntando-me sobre o meu nome. Era ele o Eleutério a quem conheci quando menino em casa de meu pai. Abraçamo-nos efusivamente. Pertencia o rapaz à família que morara na fazenda de meu avô.

Não nego que muita gente tenha preconceito de cor e raça em nosso país. Mas negros, japoneses e outras raças fazem parte de nossa nacionalidade. Discriminá-los é absurdo. Os negros trazidos à força ao país durante a escravidão fazem parte de uma mancha irreparável em nossa história.

Quanto à cerimônia do Oscar a se realizar nos próximos dias a ver como se passarão as coisas.