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Atores

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Revi o filme “3:10 toYuma” aqui lançado com o título de “Os Intocáveis”. Filmaço. Russsel Crowe e Christian Bale têm grandes atuações. Crowe é o perigoso bandido Ben Wade que é preso e deve ser levado a um trem que passa às 3:10 por Yuma. Bale é Dan Evans um estanceiro que decide levá-lo porque precisa de dinheiro. O final surpreendente coroa a trama bem feita na qual há muito suspense e mergulho na alma das personagens, conferindo sentido às motivações que os conduzem.

“3:10 to Yuma” é filme de 2007. Na verdade trata-se de refilmagem de um faroeste clássico, de 1957, lançado como mesmo título. Na primeira versão o papel de Ben Wade foi entregue a Glen Ford. Ford foi ator preponderante no cinema tendo estrelado mais de 200 filmes. Um de seus grandes trabalhos aconteceu no filme “Gilda” ao lado de Rita Hayworth.

As novas gerações talvez não conheçam Glen Ford, mas os cinéfilos mais velhos certamente não só se lembram dele como de suas ótimas atuações. Para mim um dos grandes filmes no qual Ford teve grande atuação foi o faroeste “Gatilho Relâmpago”. Ford é o proprietário de uma loja em cidade do oeste. Ele não usa arma mas, certo dia, surpreende os que o conhecem ao se mostrar exímio pistoleiro, atirando contra moedas lançadas no ar. As coisas se complicam quando chega à cidade um grande pistoleiro, vivido por Broderick Crawford, que ao ver as moedas furadas decide duelar com o proprietário da loja.

Na cidadezinha do interior em que morávamos havia um cinema cujas sessões aconteciam nas noites de sábados e domingos. Tela pequena, bancos de madeira e só uma máquina que obrigava o funcionário a parar a projeção para trocar o rolo. Nesse intervalo as pessoas trocavam impressões sobre o filme e a molecada se divertia, esperando pela exibição do episódio semanal do seriado do Flash Gordon, herói sempre em luta contra o imperador Ming do planeta Mongo.

Na pequena sala de projeção da minha cidadezinha assisti a incontáveis filmes que geraram a minha paixão pelo cinema. Desse tempo trago as imagens de Glen Ford, ator de quem meu pai não gostava. Meu pai achava-o baixinho e franzino daí que não serviria para os papéis de homem forte que desempenhava nos filmes.

Nunca concordei com a opinião de meu pai. Sempre achei Glen Ford um ótimo ator e senti muito quando soube de seu desaparecimento, aos 90 anos, em 2006.

Atores se despedem

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Não sei dizer com exatidão o tipo de sentimento que desenvolvemos em relação a grandes atores. Na verdade existe uma vasta gama de sentimentos que vão da simples admiração até mesmo à paixão de alguns aficionados tanto pelo teatro quanto pelo cinema. Quanto a mim sempre fui curioso por biografias de modo que tenho por hábito acompanhar carreiras de atores nas quais sucessos e fracassos tornam-se fatos marcantes.

É interessante o fato de que um ator pode participar até mesmo de um filme medíocre, mas, ainda assim, deixar nele gravado pelo menos um lampejo de sua grande arte. Não me esqueço, por exemplo, de Boris Karloff  em uma história sobre vampiros na qual ele sai de casa para combatê-los e avisa aos filhos que, caso volte depois da meia-noite, não o deixem entrar. O roteiro não é bom, os clichês são exagerados, mas fica o momento em que o pai, passada a meia-noite,  aparece defronte a casa onde estão os filhos.  Neste único instante Karloof apresenta-se magnífico: o olhar do homem que se transformou em vampiro e vai matar toda a sua família ilumina o seu rosto, tornando a cena inesquecível.

Nesta semana faleceu o ator Ernest Borgnine de quem ficou a participação no filme “Marty” – o papel rendeu a ele o Oscar de melhor ator em 1955. Mas, para mim Borgnine será sempre o fantástico motorista do filme “Fuga em Nova York” no qual circula com seu táxi, aparecendo nas horas  certas, numa cidade devastada.  E hoje se noticia que o ator Peter O’ Toole anunciou, aos 79 anos de idade, a sua aposentadoria. O’Toole é desses atores inesquecíveis. Viveu no cinema papéis realmente grandiosos a começar como Lawrence da Arábia, no filme do mesmo nome.  O último filme em que o vi em ação foi “Vênus” no qual sua interpretação valeu a ele sua oitava indicação para o Oscar. Em “Vênus” O’Toole é Maurice, um velho ator que se apaixona por uma jovem. A perfeição e fineza de O’Toole no papel do velho ator pertencem aos grandes momentos do cinema.

Os atores de cinema são personagens que fazem parte do nosso cotidiano, repartindo conosco a ilusão das vidas gravadas no celuloide e em aparelhos digitais. Tornam-se nossos conhecidos, pessoas familiares que entram em nossas casas através das imagens na televisão. Por isso os admiramos e sentimos a perda deles seja pela aposentadoria ou pela morte.  

Tony Curtis

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Parem tudo: Tony Curtis morreu. O dia deveria ser de luto em todos os cinemas do mundo: nenhuma projeção de filmes.

Tony Curtis fez parte da cultura de uma geração. Há quem diga que não pertenceu à galeria dos grandes atores. É possível. Em todo caso sua simpatia e beleza física fizeram dele presença sempre marcante. Foi assim em seus filmes, mesmo nos piores. Quem não se lembra dele, ao lado de Jack Lemon e Marylin Monroe em “Quanto mais quente melhor”? Nas comédias? E de sua participação em “Spartacus”, ao lado de Kirk Douglas?

A morte de Tony Curtis lembra-nos de que os ídolos, por mais que permaneçam jovens e bonitos nas telas, envelhecem e morrem. Traz também a inquietante sensação de passagem do tempo, de irreversibilidade e mundos desfeitos. Com Curtis parte a atmosfera de uma época vivida, bem mais glamorosa, talvez até mais inocente. Curtis se vai como foram os velhos cinemas dos centros das cidades onde sua imagem fazia sucesso e atraia multidões.

Tony Curtis pertence ao mundo da magia no qual a realidade é sempre intrusa. Talvez por isso a notícia de sua morte surja como algo fora de lugar. O homem de 82 anos que acaba de morrer deixa-nos, como legado, imagens inesquecíveis que jamais serão olvidadas e enterradas.  Deriva daí a sensação de que, afinal de contas, nem tudo é finito.

Asta la vista Tony Curtis.  Até o nosso próximo encontro, provavelmente num filme exibido pela televisão.