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Homem-bomba

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Homens conversam no pátio de um prédio. De repente, um estranho chega à portaria, quer entrar, mas é barrado pelo porteiro. O que se vê em seguida é uma grande nuvem de fumaça. Instantes depois pode-se observar o que aconteceu: o estranho era um homem-bomba; as pessoas que conversavam estão mortas; o lugar foi totalmente destruído; homens saem do prédio e correm de um lado para outro, sem saber o que fazer.

A cena descrita foi gravada em vídeo por uma câmera de segurança. O atentado foi contra o clube de jornalistas do Paquistão.  Não é possível ver o rosto do homem que detonou a bomba que trazia junto de seu próprio corpo. Os corpos dos homens que minutos antes conversavam animadamente compõem cena terrível e absolutamente sem sentido.

O problema é que nada do que vemos faz sentido. Agarrados à vida e tendo por hábito emprestar alguma eternidade a tudo o que fazemos, o vídeo a que assistimos torna-se incompreensível. A decisão do homem-bomba de sacrificar-se por uma causa, qualquer que seja ela, é ilógica. De nada adiantam explicações de natureza cultural, a desculpa do fanatismo e mesmo a lavagem cerebral que automatiza um homem a ponto de perpetrar loucura do porte da praticada contra o clube de jornalistas do Paquistão.

E dizer que isso se repete em nome de crenças e ideologias, sacrificando inocentes. O homem-bomba não passa de um mártir às avessas. Ele é testemunho do colapso da civilização, a negação do empenho da humanidade no sentido de distinguir o homem dos seres brutos. O homem-bomba é a antítese de todos os valores em que acreditamos.

A crueza da cena mostrada pelo vídeo do atentado impressiona demais. Parece haver nela um modus operandi da morte que utiliza pessoas para matar pessoas. Ficaria bem, talvez, na ficção. Mas, não há lugar para cenas dessa ordem no mundo real em que vivemos.