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A chegada da Copa

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A Copa chegou ontem à minha rua: os caras do bar da esquina desenharam no chão o distintivo da seleção. Cercaram-no com cavaletes da prefeitura de modo que o distintivo - ou melhor, a Copa - passou a atrapalhar o trânsito.

Passei pelos cavaletes e me lembrei do cacto de Manuel Bandeira, aquele que era “duro, áspero, intratável”. Ali no chão o desenho colorido me pareceu desprotegido, justamente o contrário do cacto da poesia. Sugeria que o futebol está é mesmo acossado por tantos acontecimentos estranhos a ele, nessa louca correria que se presencia ao nos aproximarmos do início dos jogos.

Porque a bem da verdade não há como não se preocupar com o que há de vir. Não tão surdamente percebe-se o preparo de grandes movimentações e protestos que já vão acontecendo e se encorpando dia a dia. Nunca antes na história desse país se viu tanta gente inconformada com praticamente tudo. Os 200 milhões estão a ponto de explodir e as autoridades insistem no discurso de confiança no sucesso da Copa, talvez porque os brasileiros sejam gente de muito boa índole.

Pois eu digo que de jeito nenhum gostaria de estar no trânsito da Radial Leste, seguindo em direção ao Itaquerão no dia do jogo de abertura. Sabe-se lá o que há de vir. Tem tanta gente insatisfeita, tanto bandido esperando a boa hora que o melhor é se trancar em casa e esperar que tudo transcorra na mais perfeita ordem e paz.

Dias atrás o secretário da FIFA disse que o número de estádios construídos não foi determinado pela organização, mas pelo governo que exigiu fosse a Copa realizada em todo o país. Se olharmos para os gastos excessivos feitos com obras - aliás vergonhosamente inacabadas - veremos que a Copa logrou juntar num só saco muitas indignações populares prontas a explodirem.

Mas, quem sabe nada de ruim venha a acontecer e tudo o que está escrito acima não passe de divagações inconsequentes. Então poderemos assistir à Copa com o ânimo de inveterados apaixonados pelo futebol e só isso.

Mas, por segurança ou medo, estarei dentro de casa, portas bem trancadas, olhos pregados na televisão.