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Quando parar

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É difícil, muito difícil, dizer chega. Parar, simplesmente parar, deixar para trás algo que em que se empenhou vida afora. Nas idades mais que maduras o trabalho pode se tornar um fardo do qual se deseja escapar. Afinal, o que há pela frente quando na verdade a noção da proximidade da morte insinua-se de modo irreversível? Se você já chegou aos 70 quantas décadas o separam do desenlace final? Uma? Duas?

Ainda assim é difícil parar. Deixar de refazer, diariamente, o caminho que, durante anos, percorreu em direção ao local de trabalho. Desencanar-se das lembranças do trânsito ruim nos horários de pico. Deixar de ser aquele cara de antes para gozar o tempo livre, acostumar-se ao não fazer, a procurar soluções para preencher o tempo vago. O sempre imenso tempo vago.

Tempo é tudo o que tenho diz um amigo com quem me sento para uns goles. Já não trabalha, goza de situação mais que estável, teoricamente tudo está mais que bem. Mas, há o vazio. Há o imponderável amanhecer de um novo dia no qual nada há a se fazer. Ele reclama.

Acontece também a gente mais ovem. O esporte abre um abismo à frente do atleta que alcança o momento de aposentar-se. Quantas histórias. O ídolo venerado pelas fanáticas torcidas de repente sai de cena. Onde os aplausos? Onde a perseguição dos repórteres que não davam a ele sossego? De repente a vida frugal, o esquecimento, talvez a busca de outra ocupação para a qual nem sempre se está preparado.

Ontem um assessor do ator inglês Daniel Day- Lewis anunciou que ele não mais atuará. Trata-se de decisão particular e o ator agradece a operadores e plateias que o prestigiaram ao longo de sua carreira.

Day-Lewis despede-se deixando atrás de si uma gloriosa carreira no cinema. Inesquecíveis suas atuações em filmes como “Sangue Negro” e “Lincoln”. Único ator a conquistar três prêmios Oscar, despede-se aos 60 anos de idade. Deixa saudades. Sucumbirá a futuros convites? Voltará ás telas? Impossível saber.

Greta Garbo, considerada pela Academia de História do Cinema como “a quinta maior lenda da sétima arte” abandonou sua carreira de atriz aos 36 anos. Nunca mais tornou ás telas. Certas magias e caprichos dos deuses não são mesmo feitas para durar.