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O uso do Kistch na tragédia do AIRBUS

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As causas do acidente acontecido com o vôo 447 da Air France talvez nunca venham a ser completamente elucidadas.  Há que se fazer de tudo para descobrir os fatores desencadeantes da tragédia: explicações e prevenção de novos acidentes são mais que necessárias.

Enquanto aviões, navios e submarinos procuram corpos e destroços no mar o assunto continua palpitante, atraindo a atenção pública. Até aí tudo normal e dentro do esperado sobre um fato que causou enorme comoção pública.

O que não se entende é a necessidade de divulgação de certos detalhes que mais parecem veiculados para delimitar com precisão o quadro de horror vivido pelos passageiros em seus últimos instantes. Se existem razões para se divulgar a hipótese de que os passageiros teriam sido lançados no espaço não dá para entender a necessidade de detalhar o que daí por diante teria acontecido a eles. Descrições do avião se rompendo, corpos lançados no espaço, múltiplas fraturas e, ainda, cadáveres encontrados sem pernas e braços só servem para aumentar a dor de familiares e pessoas próximas aos acidentados.

Talvez pior que isso sejam algumas manifestações que circulam pela internet, manifestações de pesar é verdade, mas muitas vezes impróprias, quando não de extremo mau gosto.

Esse é o caso de uma exibição de slides na qual se faz a remontagem fotográfica dos últimos momentos de vida de um dos passageiros do vôo 447. O interessante é que é ele, o passageiro desaparecido, que nos fala descrevendo todos os acontecimentos ocorridos desde o início da malfadada viagem a Paris.

A narrativa começa com imagens do avião levantando vôo, segue com o avião entre as nuvens, os passageiros são mostrados sentados no avião e chega-se ao momento do desastre: então o céu se torna nublado, há raios e o avião se precipita. A imagem seguinte é a do mar que espera o avião que com ele vai colidir. A partir daí o narrador descreve a sua passagem para o outro mundo, suas impressões e o seu encontro com Jesus na placidez de um banco de jardim. Há também imagens da face do passageiro tendo como fundo a cidade de Paris que ele não chegou a conhecer porque morreu no acidente.

Que não me perdoe o idealizador dessa história não comovente, mas a sua boa vontade e solidariedade converteu-se num puro exercício de Kistch, enfim, de mau gosto.

- Existem limites, existem limites - repetia um filósofo cujo nome me escapa e que talvez nem tenha existido.

Escrito por Ayrton Marcondes

16 junho, 2009 às 8:38 am

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