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A repetição leva à exaustão

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Sou de opinião que não tenho opinião sobre as idas e vindas da economia embora tudo o que acontece afete, direta ou indiretamente, a minha vida.

Veja você a eterna gangorra em que anda metido o dólar. Ora o governo sai a campo com medidas que engessam a moeda porque o valor do dólar está muito baixo e as exportações se ressentem disso. De repente, em curto período de tempo, o dólar sobe muito e estabelece-se o problema inverso com crescimento da dívida das empresas, dificuldades para turistas etc. Diante disso o governo emprega meios para reduzir o valor da moeda norte-americana.

O interessante em relação a tudo isso é que dispomos de mais desculpas que culpados. Por que tudo acontece? Do lado do governo brasileiro a explicação é a de que medidas devem ser tomadas no sentido de manter a estabilidade. O problema vem de fora, patrocinado pela crise europeia que, por sua vez, tem seu berço em solo grego com rebentos crescendo diariamente na Itália e na Espanha. Por sua vez os gregos estão fulos da vida porque não querem pagar a conta. A um passo do calote esperam a ajuda de 8 bilhões de euros que países capitaneados pela Alemanha se recusam a dar. No meio disso sai a campo o FMI para dizer que suas reservas, atualmente na casa dos 400 bilhões, são insuficientes para resolver o problema da crise europeia.

Então, eu que nasci em solo verde-amarelo da minha pátria varonil fico olhando pela janela perguntando se não será possível passar agora no céu um Sputnik, com Gagarin a bordo e tudo mais, porque era mais interessante assistir ao vai-e-vem da Guerra Fria que a essa interminável lengalenga do sobe e desce das bolsas e variações do dólar.

Cara pálida você não está cheio de ouvir longos noticiários tratando da mesma coisa, dia após dia? Pois é, a repetição leva à exaustão. Declaro-me exausto de ouvir falar sobre coisas que acabarão se resolvendo por si mesmas, com quebradeira geral ou não, porque de uma coisa devemos estar certos: através de acordos que envolvem interesses colossais pouco se conseguirá. De fato, é difícil convencer a um alemão que gosta de tudo certinho a ajudar um grego não dado ao hábito de pagar impostos.

Não sei se é verdade, mas ouvi de um grego que na Grécia lavra-se hoje em dia grande revolta contra a implantação do imposto predial. Contou-me que um grego, conhecido dele, reagiu à implantação do imposto dizendo: mas, se comprei e paguei a minha casa, isso há muitos anos, porque tenho que pagar algo mais para morar no que me pertence?

Caso seja assim, tenho que tirar o chapéu à inclinação anárquica dos gregos e pedir a alguém que entenda melhor desse assunto explicação sobre as atribuições do Estado grego. Que uma ou outra pessoa se recuse à participação social vá lá. Mas, isso como cultura geral não pode funcionar, concordem.

E por falar em pessoas que se recusam a fazer parte do esquema geral ouvi certa vez o caso de um sujeito, já falecido, que era do tipo. Certa ocasião esse sujeito decidiu viajar ao exterior para o que precisou obter o visto. Entre os documentos exigidos para tal figurava cópia da declaração do imposto de renda, que ele não tinha. Perguntado sobre a declaração ele respondeu:

- Eu nunca quis isso de imposto de renda para mim.

Então é assim: basta não querer para não fazer parte. Não sei como o tal sujeito resolveu o problema dele, se viajou ao exterior ou não. Deve ter ido porque nesta terra em que tudo dá para tudo existe um jeito. Mas ficou-me dessa história o espírito particular e rebelde do cidadão que viveu a seu modo, passando ao largo de injunções como essa tão chata de declarar e pagar impostos.

Vivendo e aprendendo.