A França foi algoz do Brasil em três Copas do Mundo at Blog Ayrton Marcondes

Arquivo para ‘A França foi algoz do Brasil em três Copas do Mundo’ tag

Os algozes

escreva o seu comentário

Não sei há quanto tempo acontece, mas a linguagem futebolística incorporou definitivamente a palavra “algoz”. No Houaiss ”algoz” é classificado como substantivo masculino cujo significado é “carrasco, executor da pena de morte ou de outras penas corporais (como tormentos, açoites etc.)”. Em sentido figurado a palavra aprece como “indivíduo cruel, de maus instintos; atormentador, assassino”.

No futebol é “algoz” aquele(s) que provoca(m) a derrota de seus adversários em campo. Paolo Rossi foi o “algoz” da seleção brasileira derrotada pela Itália na Copa do Mundo de 1982. Rossi fez os três gols italianos, contra dois anotados pelos brasileiros que foram eliminados da Copa. Ronaldinho Gaúcho é “algoz” do Grêmio, time de Porto Alegre. A seleção da França é considerada “algoz” da seleção do Brasil dado tê-la derrotado na final da Copa do Mundo de 1992. Aliás, a França é mesmo “algoz” do Brasil, tendo eliminado a seleção nacional em três Copas do Mundo.

O ASA de Arapiraca foi “algoz” do Palmeiras derrotando o time do Parque Antártica de modo vexatório na Copa do Brasil de 2002. E por aí vai. Seleções, times, jogadores e até técnicos são candidatos a se tornarem “algozes” desde que inflijam grandes ou seguidas derrotas a seus adversários.

Como se vê o “algoz” do futebol no máximo pode se equivaler como sinônimo a “carrasco”, obviamente sem tortura ou morte. Mas, o que impressiona é o modo como jornalistas esportivos cada vez mais fazem uso do termo “algoz”. Futebol é paixão, competição explícita, disputa por cada centímetro do gramado onde duas equipes se enfrentam. O noticiário dos meios de comunicação estimula as rivalidades, buscando trazer maior empolgação aos jogos. È assim que as multidões são atraídas para os estádios e o futebol permanece como atração perene.

O futebol fez e fará novos algozes porque isso faz parte da natureza do jogo. O Uruguai derrotou o Brasil em pleno Maracanã na final da Copa do Mundo de 1950 e este fato provocou uma das maiores comoções coletivas de nossa história. Até hoje se fala no gol de Ghiggia, ponteiro da seleção uruguaia que meteu a bola dentro do gol do goleiro Barbosa do Brasil. Ghiggia foi o grande “algoz” do Brasil, o maior de todos. Ele decretou a continuação do derrotismo brasileiro que só viria a cair por terra quando da vitória da fabulosa seleção de 1958 na Suécia. Ali nascia para o mundo Pelé e um longo reinado de conquistas brasileiras.

É preciso fazer justiça aos algozes. Eles são responsáveis por boa parte das nossas ilusões. Sem eles o futebol não seria o mesmo, nem teríamos de quem sentir verdadeiros ódios por ocasião das nossas mais marcantes derrotas.

Saúde aos “algozes” do futebol.