Gran Torino at Blog Ayrton Marcondes

Gran Torino

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grantorinoWalt Kowalsky (Clint Eastwood) é um veterano de guerra inadaptado a tudo. Suas únicas boas recordações são a de sua mulher - que acaba de morrer – e a fabricação do carro Gran Torino da qual participou quando operário da indústria automobilística em Detroit.

O Gran Torino que Walt mantém em sua garagem constitui, juntamente com ele próprio, uma dupla de estranhos ao mundo que os cerca. Ambos são velhos, bizarros e fora de época, evocações de passado que teima em não estabelecer relações com o presente exceto para apontar diferenças. Desse modo, ficam os dois na casa onde Walt vive, espécie de ilha em meio a um bairro de imigrantes onde a paisagem é de decrepitude.

Walt odeia os imigrantes como parece odiar a quase tudo, com exceção de poucas pessoas conhecidas. Seu mau humor é mais que simples postura, exala por todos os poros, transferindo ao espectador imagens de arrivismo puro, por vezes insuportável. Uma dor profunda e irremediável transparece na face e gestos desse homem para quem os seres humanos nunca serão mais que estranhos, aí se incluindo os filhos com os quais Walt não se relaciona e o padre que o visita regularmente convidando-o à igreja.

Em Gran Torino a rotina do ranzinza Walt é alterada quando seus vizinhos orientais – a quem não tolera - são ameaçados e atacados por gangs formadas por orientais, negros e toda sorte de imigrantes. É a revolta contra a intolerância que desperta a reação de Walt e o leva ao acerto de contas com o seu próprio passado povoado por rostos de soldados coreanos a quem combateu.

Aos 79 anos de idade Clint Eastwood cria, através de Walt Kowalwsky, um tipo inesquecível: irascível, racista, conservador, violento, antipático e, ao mesmo tempo, profundamente humano.

Gran Torino é filme que admite várias leituras. Existe o carro GranTorino, verdadeira bandeira a atestar época de pujança da indústria automobilística norte-americana americana; há o mundo deteriorado do bairro de Detroit ocupado por orientais – os mesmos a quem os EUA combateram no passado; existe Walt, o ex-soldado que os combateu; mas também existe algo maior situado acima das raças e nacionalidades, algo que impulsiona o velho Walt e que talvez possa ser definido simplesmente como solidariedade.

Escrito por Ayrton Marcondes

20 março, 2009 às 2:31 pm

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Postado em Cotidiano



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