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O Nobel e o Brasil

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José Ramón Calvo, criador do Campus Excelência para prêmios Nobel e estudantes, declarou ao jornal espanhol La Vanguardia que a quantidade de prêmios Nobel indica a qualidade de um país. Segundo, ele pesquisas indicam que existe uma relação direta entre a capacidade inovadora de uma sociedade, a qualidade de seu sistema educativo e de pesquisa, seu talento e criatividade, e o número de prêmios Nobel.

O Prêmio Nobel foi criado em 1900 a partir do testamento deixado pelo químico e industrial sueco Alfred Nobel, o inventor da dinamite. Nesse testamento Nobel deixou a sua fortuna para a criação de uma instituição que premiasse, no futuro, aqueles que servissem à humanidade. Surgiu assim a Fundação Nobel que anualmente confere prêmios de química, física, medicina, literatura, economia e paz a pessoas que se destacaram nessas áreas, independentemente de sua nacionalidade.

Passados mais de cem anos desde a criação do prêmio nenhum brasileiro foi, até hoje laureado fato que, segundo o critério adotado por Ramon Calvo nos deixa numa situação bastante desfavorável. Entretanto, é preciso muito cuidado com generalizações que colocam num mesmo saco todas as variantes culturais de um vasto país como o Brasil. Desnecessário é dizer que na base da pouca projeção do país em termos de premiações estão as terríveis deficiências do atual sistema educacional e de pesquisas. Seria longa demais a exposição da permanente crise do sistema educacional, da falta de incentivos à pesquisa e da ausência de um desenvolvimento técnico-científico comparável ao de outros países. Satélites artificiais, viagens à Lua, produção de bombas atômicas, estações espaciais e escudos antimísseis são apenas a face espetacular dos avanços conquistados pela ciência nas áreas da matemática, da física e da química. Resultaram eles não só da tradição de pesquisa em países desenvolvidos como, também, de formidáveis investimentos destinados a ela. Por detrás das conquistas obtidas nas áreas do conhecimento obviamente existe a tradição de cientistas, laboratórios e pesquisas que, vez por outra, abrem caminho para que alguns deles sejam laureados.

Respeitáveis críticos concordam que a literatura brasileira é fraca apesar da existência de grandes escritores em todas as épocas. Entre as razões apontadas para a falta de vitalidade da literatura nacional estão fatores como a ainda hoje observada dificuldade de circulação de livros, falta de bibliotecas e a histórica opção do mercado editorial brasileiro pela tradução de obras estrangeiras. Prevalecem, assim, os interesses econômicos em detrimento do talento de jovens escritores que, desestimulados, deixam de escrever. Além do mais, sabe-se que não raramente a escolha de premiados com o Nobel nas áreas de literatura e paz está ligada a outros fatores além da obra em si, entre eles as determinantes políticas.

É assim que vai sendo construída uma história cultural brasileira sem a conquista de um prêmio do qual os povos do mundo muito se orgulham. Até hoje Rui Barbosa é citado como exemplo da inteligência brasileira pelo brilho de sua participação na Conferência de Haia, realizada em 1907. Foi por ela que o grande Rui passou a ser conhecido como a “Aguia de Haia”. No livro “Ordem e Progresso” Gilberto Freyre fala sobre o orgulho do povo brasileiro em relação a homens como Santos Dumont, prova inconteste da capacidade da nossa gente.

Por essas e outras, pela educação, civilidade e valorização do conhecimento, esperamos tanto a melhora do sistema educacional brasileiro.

Escrito por Ayrton Marcondes

2 julho, 2009 às 9:41 am

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