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Ídolos

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Ídolos se tornam a partir de imagens que deles formamos. Admiramos alguém que, em sua atividade, se torna fora da curva. Pele não é ídolo por acaso. Ele foi - e ainda é - o brasileiro mais conhecido e lembrado nos cinco continentes. Quem em viagem ao exterior não ouviu, ao falar de sua origem brasileira, a identificação: Brasil, Pelé…

Diego Maradona é ídolo argentino. Incontestável. Entretanto, sua imagem vem sendo arranhada por desvios comportamentais que a comprometem. Para nós, fãs de seu futebol, é sempre triste ouvir noticiais sobre os últimos dias de vida do grande craque. Admirado em todo o mundo eis que nos contam sobre situações realmente deprimentes ocorridas inclusive nos dias que antecederam sua morte.

Fato é que que certamente preferiríamos que nossos ídolos permanecessem em sua estelar condição, sem deles virmos a saber sobre circunstâncias que denigrem suas imagens. Afinal, não se pode negar que ídolos contribuem para a emulação de nossas vidas tão comuns, por vezes insossas. Perdemo-nos na admiração que nos serve como válvula de escape frente às mazelas do dia a dia. Essa fantasia é preciosa daí o zelo que se tem em relação a ela.

Mas, o mundo é lugar no qual o bem e mal travam combate diário. Pessoas são, por natureza, contraditórias. Daí a emergência de duplas faces que tão inesperadamente se revelam. Comportamentos podem adequar-se, inesperadamente, a circunstâncias. Revela-se aí a outra face da personalidade a qual até então fora mascarada aos olhos de outrem.

Se me perguntarem sobre o melhor goleiro de futebol que vi jogar a respostas será: Gilmar. Grande Gilmar, o “goalkeeper”, o “guarda valas” das seleções de 58 e 62 que nos trouxeram a sonhada taça Jules Rimet. Que confiança tínhamos naquele goleiro que, debaixo das traves, segurava não só as estocadas dos adversários como a necessidade que aquele Brasil das décadas de 50 e 60 tinha de impor-se ao mundo.

De modo que para mim e tantos brasileiros Gilmar é ídolo. Pois é com grande tristeza que leio sobre declarações reveladoras de um Gilmar até então desconhecido, um Gilmar despachante no DOI CODI órgão repressor durante a ditadura militar. Circulava ele nos corredores do órgão, facilitando negócios e até sendo beneficiado com a posse de uma revendedora de carros. É o que se diz.

Sinceramente, não sei como reagir ante a duplicidade de características de um homem a quem sempre tive como ídolo. Vem-me à mente as histórias sobre gigantes de pés de barro que podem ser destruídos com facilidade.

Escrito por Ayrton Marcondes

17 fevereiro, 2022 às 1:18 pm

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Postado em Cotidiano

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