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Praias

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Nunca fui adepto de praias. Nascido e criado nos altos da Mantiqueira só conheci o mar no início da puberdade. Além do que desde cedo fui desestimulado aos chamados esportes náuticos. Nadar, nem pensar. O fato de ter perdido dois irmãos por afogamento estabeleceu-se como barreira em relação a aventuras em rios e mares. Nem mesmo a pesca me atraiu. Havia sempre uma sombra de receio em relação aos perigos iminentes de vir a ser afogado. Talvez por isso mesmo as viagens em barcos ou navios de cruzeiros sempre me dessem nós na garganta. Em Salvador participei de passeio de barco às ilhas próximas. Retornávamos de Itaparica quando fomos colhidos por uma tempestade. Mar revolto, os turistas presentes na pequena embarcação puseram-se a rezar. Ondas altas levantavam-se, por vezes cobrindo o barco. Na ocasião não cheguei a temer pela vida. Assenhorado por confuso sentimento de eternidade decidi que não seria ali o meu fim. Não foi. Retornamos a Salvador sãos e salvos.

Noutra ocasião, a bordo de um navio de cruzeiro, fui surpreendido por grande tempestade no litoral de Santa Catarina. Tão grandes vagalhões levavam o navio a balançar muito. Assim o jantar não pode ser servido e ondas gigantescas atingiam mesmo as partes altas do navio. Pessoas passando mal, desespero de alguns, aquilo foi terrível. Na manhã seguinte, durante uma escala, grupos de passageiros decidiram desembarcar. Voltariam às suas casas por outros meios de locomoção, não seguindo adiante na viagem cujo destino era Buenos Aires.

Mas, às praias. A minha familiaridade com o mar aconteceu pelo fato de morar, justamente, em cidade do litoral. Ocorre que a par das belíssimas manhãs e entardeceres, proporcionados pela presença do mar, também se convive com momentos em que as águas invadem a areia. Perdas consideráveis acontecem quando as águas chegam aos prédios, invadindo garagens e danificando veículos.

No momento a Baixada Santista ressente-se do efeito de grandes tempestades que assolaram a região. Antes delas o mar bastante revolto cobriu a areia, chegando até mesmo à avenida em alguns pontos. As imagens da violência do mar impressionam. Como são impressionantes as imagens dos deslizamentos de morros que vieram abaixo, soterrando casas e roubando vidas.

Notícia de hoje, divulgada pela revista Nature Climate Change, informa que metade das praias de areia do mundo poderão desparecer até o ano de 2100. Isso devido ao aumento do nível dos oceanos em função das mudanças climáticas. Mesmo que se consigam significativas reduções de gases de efeito estufa, ainda assim mais de um terço da costa está ameaçado. Importante lembrar que as praias de areia se constituem num freio contra tempestades e inundações. Sem elas os impactos de fenômenos climáticos extremos seriam mais fortes.

O alerta publicado pela Nature Climate Change chega num momento em que políticas adotadas por governos de alguns países têm mostrado grande desprezo em relação a acordos climáticos. Esse fato, infelizmente, contribuirá para que tal previsão possa se concretizar.

Escrito por Ayrton Marcondes

4 março, 2020 às 1:39 pm

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