Coutinho at Blog Ayrton Marcondes

Coutinho

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Os apaixonados pelo futebol estão de luto: morreu Coutinho. Aos 75 anos uma parada cardíaca levou o grande companheiro de Pelé. Silêncio nas arquibancadas. Os que o viram jogar rendem-se ao encanto se suas atuações. Morre o homem, permanece eterno o jogador.

Pertenço à geração que pôde assistir aos jogos do Santos no auge da equipe. A fenomenal linha atacante - formada por Dorval, Mengalvio, Coutinho, Pelé e Pepe - terá sido a maior de todos os tempos. Entendiam-se por música. Nessa linha Coutinho vestia a camisa nove, ocupando a posição de centroavante.

Quem viu Coutinho jogar sabe porque no momento de sua morte há tanto lamento e reverências. Ele era, de fato, um professor da área. Conhecia, como ninguém, cada milímetro do espaço da área adversária e sabia, exatamente, onde se colocar no momento em que a bola chegava àquela instância.

Era um centroavante frio. Calculista, Perfeito. Tratava a bola com o carinho dos mágicos. Jamais a chutava com violência. Entre ele e o gol parecia haver um acordo tácito. Endereçava a bola ao lugar certo, como se antes de enviá-la houvesse usado uma régua de cálculo para corrigir qualquer possível erro de trajetória.

Não é exagero. Quem viu Coutinho em seus lances na área entendeu o sentido e a beleza da atuação de um craque que nascera com a intuição do gol. E quando um talento assim tinha a seu lado alguém como Pelé estabelecia-se a magia que tanto encantava às multidões.

Vi Coutinho atuar em vários jogos do Santos, alguns deles no Pacaembu. Certa noite, nos idos dos anos 60, fui levado por meu irmão ao estádio para um jogo do Santos contra o Corinthians. Naquela noite, inesquecível, o Santos presenteou-nos com grande exibição. Ainda posso ver o incansável Zito comandando a equipe. Os espantosos chutes de Pepe que estremeciam o Pacaembu. E Pelé e Coutinho que pareciam brincar com a bola, tamanho o controle que tinham sobre ela. Houve um momento em que a dupla criou jogada com tal genialidade, anotando o gol, que a torcida contrária não teve como não se render: todo o estádio levantou-se e aplaudiu.

O homem cujo corpo está sendo velado na Sala de Mármore da Vila Belmiro deixa atrás de si não só a marca de um grande artilheiro, mas de respeito ao público que tanto o ovacionou.

Esta é uma data triste para o futebol brasileiro.

Escrito por Ayrton Marcondes

12 março, 2019 às 12:10 pm

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