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Delatores

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A delação premiada tem sido utilizada por muita gente. Quando o cerco se fecha sobre alguém e torna a essa pessoa praticamente impossível safar-se das denúncias que sobre ela pesam, delatar é o caminho. Pela deleção alcança-se minorar anos de condenação e, mesmo, conseguir cumprir pena em prisão domiciliar.

A operação Lava-Jato colocou atrás das grades pessoas acima de qualquer suspeita. As delações abriram caminho para a elucidação de crimes de natureza econômica sobre os quais agora pesa a força da lei. Os brasileiros têm assistido a impressionantes relatos sobre corrupção, com desvios de montantes fabulosos de dinheiro. Há que se concordar que, por mais que o delator venha a ser beneficiado, sem a sua confissão as investigações não prosseguiriam.

Entretanto, há que se pensar na figura do delator. Afinal quem é ele? Que tipo de pessoa se propõe a entregar seus comparsas, visando a obtenção da própria liberdade?

Existem aqueles que talvez prefiram a morte a tornarem-se delatores. Sobre uns poucos envolvidos nos casos de corrupção sabe-se que eles se mantêm em silêncio e, talvez, nunca virão a abrir a boca. Fidelidade ideológica? Enquanto isso outros lutam para que suas deleções sejam aceitas.

O ex-ministro Antônio Palocci, homem forte durante o governo Lula, deixa a prisão e passa a cumprir sua pena em prisão domiciliar. Para conseguir essa mudança Palocci serviu-se da delação premiada, incriminando membros de seu partido, inclusive o ex-presidente agora recluso.

Por detrás de fatos como esse fica a pergunta sobre a convicção política do homem que delata. O certo é que em momentos passados o cidadão, que hora entrega seus pares, foi membro atuante dos atos corruptos que agora expõe. Quando da realização desses atos teria a personagem em questão alguma postura crítica em relação ao que se estava fazendo?

Não será simples, aliás até mesmo impossível, penetrar na alma de um homem que hoje delata. Difícil acreditar que o faça por arrependimento ou em prol do bem comum. O que se diz é que se trata, nada mais, de enredo construído para salvar a própria pele.

Mas, os cadáveres ainda estão frescos e só num futuro distante talvez possamos vir a ter alguma luz sobre esses tenebrosos dias.

Escrito por Ayrton Marcondes

30 novembro, 2018 às 9:59 am

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