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O homem

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Nesses tempos tão obtusos causa estranheza assistir ao julgamento de um homem poderoso como o megaprodutor norte-americano Harvey Weinstein. Afinal, por que alguém que parece tudo poder terá passado a vida importunando lindas mulheres, obrigando-as sexualmente em troca de favores profissionais? Celebridades do mundo cinematográfico saem das sombras para acusá-lo, despertando, em todo mundo, movimentos semelhantes ao americano #MeToo. Não se fala sobre personalidades desconhecidas. Fazem parte da lista de acusadoras celebridades como Ashley Judd e Gwyneth Paltrow. Sem falar em jovens desconhecidas que esperavam tornar-se atrizes.

Há poucos anos fomos apresentados a um notório caso de assédio sexual. O Diretor-Gerente do FMI, Dominique Strauss-Kahn, foi acusado de ter agredido sexualmente uma camareira em seu hotel de Nova York. Infelizmente, manobras jurídicas favoreceram Strauss- Kahn e o caso acabou dando em nada. Obviamente, Kahn pagou o preço pelo seu erro. Deixou o FMI e suas aspirações políticas na França naufragaram.

Agora pergunta-se sobre o que acontecerá a Harvey Weinstein. Ele está livre após ter pago uma fiança de 1 milhão de dólares. Mas será julgado. Especialistas divergem sobre o resultado do futuro julgamento. Há quem acredite numa confissão de culpa o que reduziria a pena. Mas, desde logo, Weinstein apresentou-se à Justiça declarando-se inocente.

O tema “assédio” tem despertado a atenção do mundo, no qual multiplicam-se casos de estupros, alguns bastante escabrosos. Da Índia recebem-se regularmente notícias de abusos contra mulheres em geral seviciadas por vários homens. Basta ligar a TV brasileira nos programas policiais da tarde para inteirar-se sobre casos e casos em que mulheres são vítimas de violência, incluindo-se estupros e assassinatos.

O que pensar diante de tudo isso? Não custa lembrar da natureza animal dos seres humanos. Recentemente, ouvi de um professor que os antepassados do homem não desapareceram por acaso. As gerações que os sucederam teriam cuidado do desaparecimento de seus ancestrais através de genocídios. O homem atual, inteligência desenvolvida, dominou o planeta, eliminando seus antepassados. Não sei se isso é exatamente correto, mas faz pensar. Por que o homem civilizado do século XX teria se engalfinhado em duas Guerras Mundiais nas quais milhões de seus semelhantes pereceram? Por que ainda hoje perduram radicalismos, guerras, sequestros, assassinatos, crimes que parecem sempre em número crescente? Facilmente poder-se-ia aqui elencar inúmeras razões de ordem sociológica e política aliadas a conflitos de interesses e desigualdade de classes para explicar o que acontece. Mas, não se pode perder de vista que por detrás de tudo isso está ele, o Homem. Aliás, o mesmo ser humano altamente civilizado e poderoso que se dedica a atos espúrios, entre eles assédios de que a toda hora tomamos conhecimento.

Escrito por Ayrton Marcondes

5 junho, 2018 às 2:32 pm

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