Mulher brasileira at Blog Ayrton Marcondes

Mulher brasileira

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Quando minha filha voltou da Espanha perguntei a ela se gostara daquele país. Respondeu-me: exceto pelo fato de lá brasileira ser sinônimo de puta, adorei Madri.

Na época noticiava-se que brasileiras eram levadas à Europa com propostas de trabalho falsas e, uma vez no continente, obrigadas a se prostituir. Minha filha, viajante ocasional, certamente topara com essa situação durante sua estadia em Madri.

Mulher bonita sempre desperta o bloco dos garanhões. Samuel Wainer relata em suas memórias caso acontecido em Moscou. Na época o conhecido proprietário da “Última Hora” era casado com a modelo Danuza Leão. Numa recepção um oficial solicitou licença para dançar com Danuza e, claro, que problema haveria. Wainer só começou a se incomodar quando percebeu a presença do vigésimo candidato a uma volta no salão com sua mulher. Olhe que a fila ainda era grande. Hora de ir embora.

Aconteceu numa praia famosa do Ceará, de cujo nome não me lembro. Lugar maravilhoso no qual havia uma barraca bastante agradável e muito bem instalada. Sentamo-nos, eu e minha mulher, para uns goles e os camarões de sempre. Demorei a perceber um americano em mesa não tão próxima, mas que não tirava os olhos de minha mulher. Tudo bem, olhar não mata. Mas cansa. Vinte minutos depois cansa ainda mais - e muito.

Mas, o pior foi quando o cidadão do hemisfério norte simplesmente se levantou, máquina fotográfica em punho, veio até a mesa onde estávamos e pôs-se a fotografar a minha mulher. Assim. Na maior.

Depois o gringo retornou ao lugar dele como se nada tivesse acontecido. Eu? Bem. E agora? Conheço gente que teria partido pra cima e arrebentado o cara ali mesmo. Mas, brigar? Sair no braço com aquele gringo desaforado? Demais, o tal era grande.

Confesso que fiquei mordido e, pior, aquilo não poderia ficar no pé em que estava. Tem hora em que a gente se vê obrigado a ser homem sob pena de trair a macheza. O que fiz? Apenas me levantei, fui até a mesa do gringo, peguei a máquina fotográfica, abri e arranquei o filme. Sim, na ocasião ainda não chegáramos à fotografia digital.

Desenrolei o filme e o joguei sobre a mesa, danificado. O gringo? Ora, era como não se fosse com ele. Mal me olhava. Assistiu a tudo sem gesto, nem palavra. Uma estátua. Não reagiu.

De novo com minha mulher ela me disse que não me supusera tão corajoso. Eu? Bem, contou pontos.

Quando saímos tive a impressão de que o desgraçado ainda olhava a minha mulher. Não tive certeza disso.

Fazer o quê?

Escrito por Ayrton Marcondes

30 outubro, 2017 às 2:05 pm

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