Roqueiros também envelhecem at Blog Ayrton Marcondes

Roqueiros também envelhecem

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É a lei da vida: o tempo passa e todo mundo envelhece. Ninguém escapa à ação do tempo.  Exceto vampiros e situações como a de Dorian Grey não se conhecem, fora da ficção, caso de alguém que tenha se livrado da sina que acompanha a existência de todos os seres humanos.

Não importa quem seja, glórias alcançadas durante a vida, fortunas: para o fim de cada um está reservado o acerto de contas com a morte. Então pergunta-se: seriam diferentes os roqueiros?

O país acaba de ser invadido por uma leva de bandas musicais que vieram para se apresentar no Rock in Rio. Algumas delas estenderam suas apresentações a outras capitais. The Who e Guns N´ Roses apresentaram-se em São Paulo.

Trata-se de grandes bandas de rock que fizeram a história do gênero. The Who é um dos pioneiros do rock ao lado de Rolling Stones e Beatles. Essas bandas se constituíram na invasão britânica aos EUA, conquistando enorme sucesso. As apresentações do The Who tornaram-se famosas não só pela qualidade da música. A quebradeira no palco e a sonoridade violenta marcaram época.

Agora o The Who chega pela primeira vez ao Brasil. Do grupo original apenas o vocalista Roger Daltrey, 73 anos, e o guitarrista Pete Townshend, 72. Muitos anos se passaram, portanto, desde a década de 60 do século passado quando o The Who surgiu. Obviamente, os senhores setentões do grupo já não são os mesmos. Impossível a Roger Daltrey manter o mesmo timbre de voz de sua mocidade. Entretanto, nada a reclamar das apresentações do grupo no país classificadas como excelentes pelos seus admiradores.

Causa, portanto, estranheza o modo como os dois músicos foram tratados nos noticiários: destacaram-se as boas performances de Roger Daltrey e Townshend sem, entretanto, deixar de sempre acrescentar um “mas”. O “mas” nesse caso referia-se ao fato dos dois músicos já não serem os mesmos de antes. Roger Daltrey, por exemplo, esteve muito bem, ”mas” sua voz já não é a mesma e assim por diante. A todo momento o envelhecimento dos criadores do The Who veio ao primeiro plano, ensombrecendo suas performances atuais.

É de se pensar que as pessoas que pagaram ingressos para ver pela primeira vez o The Who no Brasil, obviamente soubessem que o tempo havia passado para os grandes músicos do grupo. Também certo de que não esperariam ouvir exatamente o som gravado nos discos de décadas atrás pelos mesmos músicos.

Fãs do The Who destacaram a oportunidade única de presenciar a primeira apresentação do grupo no país. Satisfizeram-se ao limite pelas qualidades das apresentações. Entenderam que aos 70 anos de idade as coisas não se passariam exatamente do modo perpetuado em CDs e vídeos. De modo que o tal “mas” parece ter ficado restrito ao perfeccionismo exigido por alguns.



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