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Sonhos

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Estava numa floresta, correndo. Vi-me nu no meio de um matagal por onde passavam animais estranhos, muitos deles enormes. Mas, o corpo não era o meu. Não imagino como seria meu rosto. Confortava-me conhecer - e bem - o lugar. Eu pertencia àquele mundo.

Entretanto, meu raciocínio era o que tenho hoje. Reconheci que fora transportado a um tempo anterior ao início da civilização humana. Aquele seria um estágio no qual o Homo sapiens estaria em seus primórdios

As situações de perigo eram permanentes. Seres dos mais diversos, hoje inexistentes, espreitavam-se, atacavam-se. O vale tudo por alimentos era a regra num ambiente hostil.

De repente surgiu perto de mim um animal grande e feroz. Seria eu uma presa fácil para ele. Sem pestanejar saí a correr com minhas pernas poderosas e pés habituados ao solo pedregoso e íngreme.

Aproximava-me de uma gruta onde poderia me safar do perseguidor quando fui alcançado. No momento em que senti os dentes dele cravarem na minha pele gritei - na verdade grunhi – e tudo desapareceu.

Acordei sentado em minha cama, suando muito e ainda sob a impressão daquele animal medonho que me perseguira. Pela minha memória passaram imagens de filmes ambientados em passado remoto, mas nenhum deles com características semelhantes aos lugares que vi no sonho.

Para Freud o conteúdo dos sonhos relaciona-se com realização dos desejos. Para o pai da psicanálise o conteúdo manifesto dos sonhos são os elementos dele que nos lembramos após acordar. Esse conteúdo manifesto serve para disfarçar os desejos inconscientes, ou seja, o conteúdo latente do sonho.

A interpretação do significado de um sonho como o que tive talvez seja obra para profissional especializado. Entretanto, a montagem de uma história com enredo tão elaborado, calcado em coisas tão incomuns de fato impressiona. Onde teria eu ido buscar sonho de tal natureza, tão vívido como se estivesse de fato acontecendo?

Naquela madrugada pensei sobre o fato de o cérebro humano armazenar informações sobre as quais não temos o menor controle. Estudos demonstram que existe um registro em nosso organismo que retém dados o desenvolvimento e evolução da humanidade, provavelmente desde os reinos inferiores até o estágio humano. Guardaríamos a memória acontecimentos da vida de nossos pais, avôs, bisavôs e assim por diante. Desse modo componentes memoriais armazenados ao longo de gerações e soterrados nas camadas mais profundas da memória poderiam vir à tona inexplicavelmente. Talvez a memória vivida de algum ancestral remoto tivesse se materializado naquela noite em meu sonho. Ou não.

Escrito por Ayrton Marcondes

18 janeiro, 2017 às 11:07 am

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