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Futuro (im)previsto

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Há muitos anos um amigo viajou aos Estados Unidos para visitar a família com a qual morara na juventude. Ele fizera intercâmbio numa cidade de pequeno porte de cujo nome não me recordo.

Quando o amigo retornou batemos um papo sobre o que havia ele achado dos EUA. A coisa que mais o impressionara foi o fato de que os preços dos produtos se encontravam no mesmo patamar do tempo em que ele morara nos EUA. Anos passados o dólar mantinha-se estável e os preços também.

Ora, o que ele me dizia era simplesmente inimaginável. Estávamos em 1990, pouco depois do início do governo Collor. A inflação passara de cerca de 50% em dezembro de 1989 a 100% ao mês em março de 1990. O descontrole dos preços tornara-se insuportável. A cada semana os preços eram remarcados. Então Collor assumiu e colocou em prática seu terrível Plano Collor com o qual pretendia controlar a inflação. Sua medida mais drástica foi o confisco da poupança com bloqueio de investimentos acima de NCz$ 50 mil. Criava-se, também, nova moeda o Cruzeiro.

Foi o diabo. As pessoas tinham direito de retirar de suas contas valores de NCz$ até 50 mil o que era pouco. Aposentados se desesperaram. Nos bancos as filas eram gigantescas. A nova ordem gerou um caos que os responsáveis a custo tentaram contornar. Uma equipe de ministros comparecia seguidamente na TV para explicar ao povo a natureza do que estava se fazendo. Como se sabe, não deu certo.

Quem viveu a hiperinflação não tem saudades. De modo que se torna assustadora a evolução da atual crise brasileira. Especialistas garantem que o país está irremediavelmente quebrado. O PIB não faz frente ao crescimento da enorme dívida pública majorada pelos juros. A essa altura restam duas possibilidades ao governo: a elevação da inflação ou a moratória. É o que dizem os entendidos que não veem a curto ou a médio prazo remédio para o mau governo que dirige o Brasil.

Os brasileiros mais jovens não experimentaram o fel da hiperinflação. Talvez por isso discursos inflamados de defesa da situação atual façam eco em seus espíritos. É pena.

Tomara estejam errados os arautos do cataclismo econômico de que se avizinha o país. Não dá para viver outra vez tudo pelo que já passamos.

Escrito por Ayrton Marcondes

25 fevereiro, 2016 às 10:04 pm

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