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Viver outra vez

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Recentemente a atriz Fernanda Torres escreveu sobre envelhecer, dizendo: nunca pensei que isso fosse acontecer comigo. Pois é, acontece a todo mundo, indiscriminadamente. Ninguém escapa, nem mesmo os “eternos mocinhos e mocinhas” que capricham na aparência. De fato, cirurgias plásticas e outros cuidados têm proporcionado excelentes resultados.

Nesta semana um fato inusitado trouxe à luz comentários que deveriam permanecer nas sombras. O também ator Stênio Garcia e sua mulher tiveram suas intimidades devassadas com o vazamento, na internet, de fotos deles nús. A situação em si revoltante deu, também, margem para o exercício da maldade de alguns que valeram-se da oportunidade para destacar o fato do ator ter 83 anos de idade. Não se perdoa a velhice, ainda mais desnudada.

A velhice, na medida em que avança, desperta inquietações a respeito da proximidade do fim. Afinal, como será morrer? Em que circunstâncias? E, pior: o que nos espera após a morte? Será ela o fim de tudo? Ou a alma sobreviverá sobre ela pesando o julgamento dos atos em vida com a premiação da entrada no céu ou a condenação ao inferno? Ou haverá mesmo a reencarnação, consistindo a existência numa série de retornos para aperfeiçoamento do espírito até que se dê por terminada essa tarefa?

De todas as possibilidades talvez a mais assustadora seja a hipótese de reencarnação. Não sei se você já pensou nisso, mas vida terminada gostaria mesmo de nascer de novo e viver outra vez.? Eis aí questão complexa. Quando penso na vida toda, em tudo que consigo me lembrar,nas alegrias e tristezas, nas conquistas e perdas, nas imensas dificuldades, nas boas e péssimas pessoas com quem fui obrigado a conviver, nas injunções dos momentos sociais de cada época, enfim, em tudo, sinceramente fico em dúvida. Viver outra vez? Aperfeiçoar- me? Bah…

Mas, a vida é assim, de nada adianta reclamar. Mais dia, menos dia, a morte fará a sua parte e só então o enigma poderá ter alguma resposta. Gosto muito da imagem de um trem no qual embarcam os mortos. Entretanto, sou adepto apenas da viagem de ida. Quanto a voltar, viver tudo isso de novo por mais gratificante que tenha sido…

Escrito por Ayrton Marcondes

3 outubro, 2015 às 4:58 pm

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