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Depois da morte

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Ninguém voltou para dizer se o lado de lá existe. Vida após a morte é enigma até hoje sem solução e não parece existir perspectiva de que venha a ser elucidado. As religiões fundam-se na crença de que a vida nesse mundo é passagem, para algumas período de provação. Vida reta e digna, sem pecados, garantiria o privilégio da eternidade no céu. Pecadores seriam condenados ao fogo do inferno, ao sofrimento sem fim. A ser assim seria burrice trocar os poucos anos de existência no planeta pela eternidade sofrendo. Será assim?

Há religiões nas quais a presença de desencarnados é tida como normal. Sessões entre vivos e mortos acontecem a toda hora. A comunicação com os mortos é mais que natural, aliás imperiosa porque quem morre não se desligaria completamente da vida terrena. Médiuns fazem contatos com espíritos. Através da psicografia espíritos ditam a médiuns livros inteiros e bem acabados.

Entretanto, o enigma permanece. O fato é que a certa altura da vida torna-se comum pensar-se no fim. Afinal, como será morrer? Tudo o que vivi e pensei simplesmente deixa de existir. Será a lápide o epílogo da existência física e espiritual?

Trata-se de perguntas sem respostas. Entretanto, o enigma da morte persiste. Evita-se pensar nela, mas em situações inesperadas ela nos atropela. Acontece quando perdemos um ente querido. O velório e o enterro não passam de preâmbulos para uma situação que permanece. A ausência é dolorosa. Aquele com quem convivia-se, com quem trocávamos ideias desapareceu mas, continua vivo na nossa cabeça. A memória não se apaga, no máximo distancia-se com o tempo. Certamente é da vida sublimar-se episódios terríveis dada a necessidade de seguir em frente. Mas, não se faz isso sem pagar alto preço na esfera dos sentimentos.

Os mortos continuam vivos na memória dos que ficam. Não raro surge a impressão de que a pessoa que se foi está ali, bem perto, quase palpável como se ainda fora viva. Sonha-se com pessoas a quem perdemos, surpreendemo-las em situações corriqueiras ao nosso lado. Acordamos, buscando significados nos encontros imaginários engendrados nos sonhos. Estaria aquele que se foi tentando se comunicar?

Nada disso na verdade importa. O que vale é a barreira intransponível que nos separa daqueles a quem amamos e perdemos. Se há algo realmente fascinante na morte é o fato de ser imprevisível e irreversível. Sabemos que ela nos espreita. Estar vivo é como seguir solitário numa floresta na qual, mais cedo ou mais tarde, nos encontraremos com uma fera que nos abaterá. Este é o flagelo do homem.

Escrito por Ayrton Marcondes

22 setembro, 2015 às 11:06 am

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