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As máscaras

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De repente me pergunto sobre o intuito de quem usa máscaras de carnaval. Além do aspecto lúdico em si, será que o folião que decide sair à rua com máscara reproduzindo a face de alguém identifica-se com a tal pessoa, admira-a ou simplesmente quer tirar sarro dela?

Não tenho resposta para isso, embora prefira acreditar que a razão penda mais para o lado da avacalhação. Então pergunto: fosse você folião que gosta de máscaras, usaria uma da Graça Foster ou a do Nestor Cerveró?

Se acha a pergunta estranha é porque talvez não saiba que foliões estão pedindo e fábricas produzindo máscaras de gente relacionada à Petrobrás e ao escândalo que ronda a petroleira.  A coisa chega ao ponto de que por falta de tempo não serão produzidas as máscaras do Cerveró. As da Graça Foster estão em andamento.

Já usei fantasias e máscaras. Sai à rua em bloco com máscara para não ser reconhecido. A máscara confere a quem a usa liberdades extras. Rapaz mexe como mocinhas de quem a timidez o impediria de se aproximar. Segredos e convites inconfessáveis podem ser ditos ao pé do ouvido pelo autor escondido atrás da máscara. O Juliano aproximou-se da futura mulher dele num baile de carnaval, dançando com ela na noite de terça-feira gorda sem jamais mostrar o rosto. Na quarta-feira foi procura-la, apresentando-se e deu no que deu. Anos depois ela me confidenciaria que jamais dissera a ele que o reconhecera desde o primeiro minuto…

Não quero me aprofundar no assunto, mas vale lembrar de que hoje em dia máscaras tem sido usadas para o mal, a ponto de serem proibidas em manifestações. Radicais surgem em meio a passeatas reivindicatórias e, protegidos por máscaras, depredam, arrebentam com o que encontram pela frente.

Mas, caro amigo, máscaras são artefatos eternamente ligados ao carnaval. Pena que nesses tempos violentos os blocos que saiam às ruas nas cidades desse imenso Brasil estejam rareando. Assim o carnaval vai perdendo sua mística e toda a mágica da folia é comprometida.

Ficam na memória os velhos carnavais como aquele em que meu primo conseguiu uma “Rodouro” que deu o que falar. Mas, éramos jovens, os tempos eram outros e o carnaval uma grande festa para a qual nos preparávamos meses antes.

Então pense e responda: você usaria a máscara da Graça Foster ou uma do Nestor Cerveró?

Escrito por Ayrton Marcondes

29 janeiro, 2015 às 11:54 am

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