O certo e o errado at Blog Ayrton Marcondes

O certo e o errado

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De que o mundo mudou muito não restam dúvidas. A inversão de valores é tal que o errado vai passando por certo e fica-se em dúvida sobre o final das coisas. Veja-se o monumental escândalo da Petrobrás envolvendo valores de dimensões estratosféricas. Empreiteiras acusadas de pagar propinas se dizem vítimas de extorsão. Trata-se de caso no qual fica difícil apurar a verdade, sendo certo apenas que a corrupção no país atingiu níveis antes inimagináveis. Negócios escusos envolvendo cifras que alcançam mais de 10 bilhões de reais vêm à tona como se fossem transações “normais” dentro de negócios onde ou se paga propina ou não existem obras.

E há o caso do governo que minimiza a crise atual pintando a situação do país como no mínimo razoável. Entretanto, de repente se revela que os novos dirigentes da economia terão que se digladiar, em 20015, com um buraco de 100 bilhões, isso num orçamento previsto de pouco mais de um trilhão. Ninguém é capaz de apresentar olhar otimista em relação ao futuro próximo.

Do que se conclui que escândalos e corrupção são muito bem adubados, crescem com fermentos de primeira linha. E há quem venha a público para dizer que o brasileiro é assim mesmo, melhor: o ser humano é dado ao hábito da corrupção. Nesse caso eu e você seríamos corruptos de berço. E se não nos corrompemos ainda isso se deveu à falta de oportunidade. Teoria muito boa para creditar deslizes à natureza humana sobre a qual nada se pode fazer. Está no sangue e pronto. Pode?

Penso no mundo em que meu neto vai viver. Com pouco mais de dois anos de idade ele viverá, talvez, num mundo confuso no qual os valores em que acreditamos poderão estar ainda mais estremecidos. Existe quem daria tudo para duplicar o tempo de vida, outros 60 anos além dos 60 atuais. Não sei não. Lembro-me dos meus tios e tenho a impressão de que viviam num mundo mais simples, sem tanta correria, sem tanta confusão. Havia, sim, o perigo de uma guerra nuclear ao tempo da Guerra Fria, mas as notícias demoravam a chegar de modo que o medo era mais relativo. Hoje você ouve que, apesar das sanções, o Irã acabará construindo a bomba que tanto querem os iranianos. Não há dia em que não se tenha a impressão de que algo poderá explodir em algum lugar, fazendo grande número de vítimas. Você liga a TV e vê imagens de mexicanos protestando porque não se suporta mais a criminalidade no país. O México se levanta contra a chacina de 43 estudantes, mortos para não atrapalhar um evento promovido pela mulher de um prefeito.

Confesso a minha perplexidade diante disso tudo. Afinal, que mundo é este?

Escrito por Ayrton Marcondes

24 novembro, 2014 às 12:36 pm

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