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Peruntas e Respostas

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Num curso superior alunos de uma turma preparavam-se para a prova final de uma matéria considerada difícil. Aliás, não só difícil como ministrada por professor competente e exigente que não dava mole na aprovação de seus alunos. De modo que a semana em que se realizaria a prova começara tensa com muita gente precisando de nota e madrugas insones de estudo.

Entretanto, eis que aconteceu um fato inesperado: um dos alunos entrou na sala dos professores e encontrou uma cópia da prova sobre a mesa. Não havia ninguém na sala, nenhuma testemunha e o rapaz sucumbiu à tentação: pegou a prova, levou-a a um xérox e apropriou-se da cópia.

O passo seguinte foi uma reunião a portas fechadas com todos os colegas de classe. Nessa reunião decidiu-se que o melhor meio seria cada um acertar o número de questões que daria ao interessado a nota necessária para a sua aprovação. Depois disso, feito o gabarito da prova e considerando-se as necessidades pessoais a reunião encerrou-se com a concordância de todos sobre o combinado: fulano acertaria tantas, sicrano outras tantas e assim por diante.

No dia da prova o professor encontrou a turma tranquila. A prova era mesmo a esperada de modo que não foi difícil a cada aluno responder às perguntas propostas sob a forma de testes. Terminada a prova a turma se reuniu para uma cervejada: tinham se livrado de um enorme obstáculo.

Na semana seguinte eis que veio o professor para a aula de sua matéria, trazendo uma pilha de folhas. Receberam-no sorridentes os alunos porque agora receberiam as provas. Mas, não foi bem isso que aconteceu porque o professor entregou a todos nova prova. Diante de tão inesperado acontecimento não houve nem mesmo condições para algum tipo de protesto. Obviamente, o professor descobrira a farsa. Teria ele propositalmente deixado uma cópia da prova na sala dos professores para se divertir à custa de seus alunos?

O assunto ficou pendente até o ano seguinte quando, enfim, os alunos souberam a razão pela qual a prova que tinham feito fora anulada. Aconteceu que a cada um ocorreu a ideia de que se os colegas acertariam o número combinado de questões que mal faria a alguns acertarem todas? Por que não? Foi assim que toda a classe acertou todas as questões e a prova, obviamente, foi anulada.

Essa história me veio à memória agora que membros do alto escalão da Petrobrás e governo são acusados de terem combinado perguntas e respostas para as respectivas participações na CPI realizada no Congresso Nacional sobre a compra da refinaria de Pasadena, nos EUA. Diante de um inexplicável mau negócio realizado com o dinheiro público o jeito encontrado foi o acerto de depoimentos que livrassem a cara dos envolvidos. Entretanto, de repente surge uma gravação na qual o chefe do escritório da Petrobrás revela a armação. O caso estarrece a opinião. Defensores do governo dizem que esse tipo de coisa sempre aconteceu na história do país. A oposição vale-se do episódio para exigir punição dos envolvidos.

O diabo é que os envolvidos na farsa da CPI foram surpreendidos com as mãos na massa. Exatamente como os tais alunos cuja esperteza deu no que deu.



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