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Homens sem alma

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Hoje um homem de 40 anos de idade entrou no aeroporto internacional de La Paz e esfaqueou onze pessoas. A escolha das vítimas foi aleatória: o homem esfaqueava todos que encontrava pela frente. Até que foi contido por um policial a quem também feriu.

Dos feridos pelo estranho agressor nove estão internados em estado grave. Nenhum morreu. O homem está preso e dele se diz que é portador de sério distúrbio mental. Teria agido após não conseguir comprar passagem para o Chile para onde viajaria com uma mulher.

O episódio me fez voltar outro ocorrido em meus tempos de menino. Numa cidade próxima aquela onde morávamos estava preso um homem que matara nove pessoas. Trabalhava ele numa fazenda e até então jamais cometera nenhum crime. Até que num dado domingo armou-se com uma faca e saiu da fazenda em direção à cidade. Foi fazendo vítimas ao longo do caminho: esfaqueava a quem encontrasse pela frente. Até que foi detido e preso.

Julgado, o assassino foi condenado à prisão. Cumprida a pena eis que chegou o dia em que seria solto. Meu pai que o conhecera e sempre se lembrava de seus crimes teve a curiosidade de vê-lo no momento em que seria solto. Nesse dia meu pai levou-me com ele.

Não saberei descrever a cena passada em frente à cadeia da cidadezinha do interior. Lembro-me de muita gente na rua, esperando pelo momento em que o assassino serial voltaria à liberdade. Sei que às tantas a porta grande se abriu e de lá veio um sujeito envelhecido com ares pouco amistosos. No que ele apareceu fez-se enorme silêncio. O recém-liberto passou pela multidão e se intrometeu numa ruela por onde despareceu. Antes que sumisse ouviu, ainda, o grito de um homem: assassino, você matou meu pai.

Até hoje me lembro bem da face do assassino serial a quem vi por poucos instantes. Não vi naquele rosto nenhum sinal de maldade ou mesmo arrependimento. Era um rosto comum. Insosso. Na volta para casa meu pai me disse que o assassino a quem  eu vira era um homem sem alma.

Guardei na memória as palavras de meu pai. Hoje, ao ver a fotografia do sujeito que esfaqueou onze pessoas em La Paz tive a nítida impressão de que se travava de mais um pertencente à estirpe dos homens sem alma.

Hoje em dia existem muitos homens sem alma circulando por aí. Portanto, cuidado, há que se ter muito cuidado.

Escrito por Ayrton Marcondes

26 junho, 2014 às 9:11 pm

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